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Mônica Sousa: "Só servi de inspiração para a Mônica. Não sou ela"

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Mônica Sousa comemora ao lado do pai, Maurício de Sousa, e da personagem (Foto: Divulgação)Mônica Sousa comemora ao lado do pai, Maurício de Sousa, e da personagem (Foto: Divulgação)

 

Mônica Sousa, filha do cartunista Maurício de Sousa, está empolgada com o aniversário de 50 anos da Mônica, a famosa personagem das histórias em quadrinhos de seu pai. Aos 52 anos, ela conversou animadamente com a reportagem de QUEM e afirmou que na adolescência chegou a se incomodar - ainda que passageiramente - com as associações que faziam entre ela e a personagem. "Não gostava de ser comparada a uma pessoa brava", afirma.

Nos quadrinhos, Mônica fez sua estreia em 3 de março de 1963 no caderno "Ilustrada" do jornal "Folha de S. Paulo" e passou por muitas mudanças ao longo dos anos. Os cabelos ficaram mais ajeitados, ela - que chegou a ter um sapatinho vermelho - passou a andar descalça. Ela ficou menos emburrada e mais sorridente, embora continue dentuça, uma marca registrada da personagem, que surgiu depois de Cebolinha, Cascão, Franjinha e Bidu.

Evolução: Veja como era e como ficou a Mônica de seu lançamento, em 1963, até hoje (Foto: Reprodução)Evolução: Veja como era e como ficou a Mônica de seu lançamento, em 1963, até hoje (Foto: Reprodução)

 

Embora algumas características tenham sido atenuadas nos quadrinhos, as histórias de Maurício de Sousa não têm por obrigação serem politicamente corretas. "Eu, particularmente, sou contra o politicamente correto. As crianças não são politicamente corretas. Nossa preocupação é transmitir valores bons, mostrar as boas relações entre pais e filhos, a importância da amizade."

QUEM: As comemorações do aniversário da Mônica têm uma agenda bem cheia; Você, que sempre esteve nos bastidores, imaginava tanta repercussão?
M.S.:
Imagina! Não tinha noção. Fiquei impressionada com a repercussão. Nunca apareci, nunca fui de aparecer. Sempre quem apareceu foi a Mônica dos quadrinhos. Meu pai nunca escondeu que a criação da Mônica tinha inspiração em mim, assim como os outros personagens têm inspiração em alguém do convívio dele. Mas ela é uma personagem. Tem vida própria (risos). Eu nunca fui famosa, nem é esse o objetivo. Outro dia - como agora estou aparecendo em algumas fotos em função dos 50 anos da Mônica - me reconheceram. Achei até curioso. Não me incomodei, não.

QUEM: Quando a Mônica surgiu, a turma já tinha outros personagens. E ela acabou se tornando a protagonista. Como foi isso?
M.S.:
Ela ficou forte nas historinhas, mas não foi intencional. Isso não foi programado pelo meu pai. Ela era secundária. Foi sem querer que ela ganhou tanto espaço. A Mônica ganhou empatia como personagem por ser forte.

Mônica (Foto: Divulgação)

QUEM: A Mônica tem fama de brava, sempre brigava com o Cebolinha. Você chegou a conviver com esse garoto que inspirou o Cebolinha?
M.S.:
Não (risos). O Cebolinha foi criado, na verdade, inspirado em um amigo do irmão mais novo do meu pai. Ele foi criado antes de mim.

QUEM: Nos quadrinhos, a personagem tem 7 anos. Mas quando ela foi criada, você era mais nova, né?
M.S.:
É, a primeira vez que a Mônica surgiu nas histórias em quadrinhos, ela tinha 6 anos. Depois, completou 7 e parou por aí nos quadrinhos tradicionais. Quando meu pai a criou eu tinha apenas 2 anos. Era mais novinha. Só servi de inspiração para a Mônica. Não sou ela.

QUEM: Em algum momento você chegou a se incomodar em ter uma personagem com seu nome?
M.S.:
Ah, na adolescência, sim. Na escola, por exemplo, não tinha como escapar de pessoas tirando sarro de mim (risos). Não era segredo que meu pai tinha criado a personagem inspirada em mim, mas eu não gostava de ser comparada a uma pessoa brava (risos). Não sou uma pessoa brava. O baixinha não me incomodava tanto. Nunca fui alta mesmo. Mas, hoje, não tenho conflito algum com ela, não. Quando ainda era criança, alguém me falou alguma coisa, e eu fui perguntar pro meu pai se eu era a Mônica. Ele me explicou que eu tinha inspirado a personagem, sim, mas que cada uma teria sua vida.

QUEM: O Sansão também completa 50 anos. É verdade que você tinha um coelhinho como companheiro?
M.S.:
Sim e era amarelo. Tenho fotos de pequena em que apareço agarrada ao coelho. Ficava abraçada com ele. Não desgrudava dele por nada. É típico de criança. Tem quem fique com o cobertorzinho. Eu ficava com o coelho de brinquedo.

Mônica (Foto: Divulgação)

QUEM: Além do coelhinho de pelúcia, as histórias da turma sempre têm a presença de animais de estimação - como o Bidu, o Floquinho, o Monicão - você também curte pets?
M.S.:
Eu adooooro. A minha família toda. Tenho cinco cachorros e dois gatos.

QUEM: A Magali tem o Mingau nos quadrinhos. Ela também gosta?
M.S:
É, a Magali sempre gostou mais de gatos.

QUEM: A Magali é a grande amiga da Mônica nas HQs. Vocês, como irmãs, têm um bom relacionamento?
M.S.:
Sim, muito. É ótimo. É impressionante o ambiente quando estamos juntas. Chega a ser até insuportável (risos). É insuportável de tão bom. Com a Magali, que é mais nova do que eu, lembro que o relacionamento foi sempre bom. A Mariângela, que inspirou a Maria Cebolinha, é a mais velha e, às vezes, brigávamos.

QUEM: Seus outros irmãos também se tornaram personagens. Em algum momento rolou uma ciumeira?
M.S.:
Tenho irmãos com a idade dos meus filhos, outros que são até mais novos que eles (risos). Acho que a vontade de virar personagem é natural. Até meus filhos querem. Mas ciúme, acho que não. Um personagem não ganha mais força que o outro voluntariamente. Temos um bom relacionamento. O relacionamento de todos nós é bom, sim.

QUEM: Nesses anos todos, a Mônica teve mudanças na aparência e no comportamento. Por quê?
M.S.:
Anos atrás, a Mônica era mais invocada, mais briguenta. Os fãs das historinhas pediam para que ela não batesse tanto no Cebolinha. As provocações ainda existem, as brigas. Mas ela ficou menos invocada. Ele, por sua vez, parou de pichar os muros da vizinhança.

QUEM: Houve uma cobrança pelo politicamente correto?
M.S.:
Não temos como objetivo ser sempre politicamente corretos. Eu, particularmente, sou contra o politicamente correto. As crianças não são politicamente corretas. Nossa preocupação é transmitir valores bons, mostrar as boas relações entre pais e filhos, a importância da amizade.

QUEM: E tem algum personagem que você goste muito? Só não vale responder a Mônica.
M.S.:
Ah, tem sim: o Chico Bento! Adoro o Chico Bento, as histórias da turma dele, o jeito como ele fala. Gosto de muitos personagens, claro, mas tenho um carinho especial pelo Chico Bento. Ele é sensacional.

QUEM: O Parque da Mônica, instalado em um shopping da cidade de São Paulo entre 1993 e 2010, marcou a infância de muitas gerações. Vai ter um novo?
M.S.:
Queremos muito. Vamos ter reuniões com vários parceiros. Acho que o Parque da Mônica faz falta em São Paulo e a nossa vontade é escolher um novo local para tê-lo novamente na cidade.

Mônica jovem: Sucesso dos anos 2000 (Foto: Divulgação)Mônica jovem: Sucesso dos anos 2000 (Foto: Divulgação)

QUEM: No parque, um dos pontos altos era visitar a Casa da Mõnica e ver o guarda-roupa dela lotado de vestidinhos vermelhos idênticos. Você ainda gosta da cor? Pretende usá-la nas comemorações?
M.S.:
Adorava vermelho quando era criança. Sou morena e acho que a cor valoriza, favorece. Mas não tem nada disso de só me vestir de vermelho. Nem no dia a dia, nem nas comemorações. Gosto, uso, mas também tenho roupas de outras cores, claro.

QUEM: A Mônica Jovem surgiu há pouco tempo e já é um sucesso. Você imaginava?
M.S.:
As revistas da Turma da Mônica Jovem vendem tanto quanto as tradicionais. São um sucesso e ficamos contentes. Era uma demanda. Notamos que havia público e foi um sucesso maior que o esperado.

Início das comemorações do aniversário de Mônica: no trio elétrico de Claudia Leitte no Carnaval de Salvador (Foto: Fred Pontes/Divulgação)Início das comemorações do aniversário de Mônica: no trio elétrico de Claudia Leitte no Carnaval de Salvador (Foto: Fred Pontes/Divulgação)

 

QUEM: Vira e mexe, personalidades são homenageadas com os desenhos de Maurício de Sousa. Recentemente, a Claudia Leitte virou uma personagem. Esse tipo de homenagem vai ganhar força?
M.S.:
Uma das nossas preocupações foi manter a Turma da Mônica sempre muito atual. Por isso, assuntos do momento estão sempre nas histórias. Assim como nomes que estão na mídia. A Claudia Leitte, por enquanto, deve aparecer como participação em uma historinha. Ela também usará a personagem em algumas ideais dela. Por enquanto, não será gibi ou personagem fixo, mas a parceria foi muito querida e marcou o início das comemorações do aniversário da Mônica. Subimos - os personagens, eu, meus filhos - no trio da Claudia no Carnaval de Salvador. Foi especial.

QUEM: A Mônica vai ter muita festa para comemorar os 50 anos. Você já fez essa idade. Também comemorou ou vai aproveitar o embalo da personagem?
M.S.:
Quando fiz 50 anos, não deixei passar em branco. Fiz uma festa temática, relembrando antigas décadas. Mas, evidentemente, vou aproveitar as comemorações da Mônica dos quadrinhos. A família toda vai festejar.

Maurício de Sousa e suas Mônicas (Foto: Divulgação)Maurício de Sousa e suas Mônicas (Foto: Divulgação)

 


 


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