
José Augusto, de 67 anos de idade, tem a simplicidade como lema de vida. Dono de vários hits, entre eles Aguenta Coração e Sonho por Sonho, o cantor nunca deixou que o sucesso tirasse seus pés do chão.
“Sempre lidei de forma muito saudável com o sucesso. Isso nunca me subiu a cabeça. Nunca me achei um ídolo, um astro. Talvez eu tenha essa relação com o meu público até hoje tranquila, por causa disso. Nunca tive problema para conversar com as pessoas na rua, que me param, ou que hoje me mandam recados pelas redes sociais. Sempre lidei de forma saudável com os fãs. Sucesso é algo que passa e você tem que estar preparado para a hora que ele passar. Por isso, quando você está lá em cima, é quando deve lembrar mais ainda dos amigos, das pessoas que gostam de você e dos lugares que você gosta de frequentar. Ter essa consciência me 'salvou' de muita coisa, ainda mais em uma carreira de tantos altos e baixos”, analisa ele, que vendeu mais de 20 milhões de discos.
Mesmo durante o auge, o artista fazia questão de manter uma rotina como a de uma pessoa anônima, na medida do possível.
“Nunca tive esse problema de não poder sair na rua. Desde que comecei a cantar, sempre tive um relacionamento muito direto com o público e isso nunca me impediu de ir a lugar algum. Sempre fui ao campo de futebol ver meu Flamengo, sempre fui à praia, sempre fui ao shopping, aos churrascos de amigos…”

Na quarentena, José Augusto provou sua força de conseguir tocar a grande massa com composições românticas, que marcaram a década de 90. Com uma live televisionada, que rendeu grande audiência a um canal, ele conta que mesmo não estando de forma tão frequente como antes na TV, nunca parou de fazer música.
“Me dedico ao meu trabalho 24 horas por dia. Vivo de música o tempo todo. Meus shows nunca pararam. Sempre fiz shows desde que comecei. Como eu não manejo a minha agenda de TV, é difícil dizer se os programas não me convidam ou convidam. Eu aceito o que chega até mim, depois de pessoas que trabalham comigo analisar. Fiquei muito satisfeito com a minha primeira live, ainda mais pelos índices de audiência que foram muito bons. Acho que as lives abriram um novo mercado para que os artistas pudessem apresentar o seu trabalho. Também serviram para que todos pudessem ver o lado solidário dos artistas, principalmente os sertanejos, que têm sido supersolidários com os brasileiros nesta hora de solidão e de muita carência.”

PANDEMIA
José Augusto tem lidado de forma positiva com a pandemia. Caseiro assumido, ele tem aproveitado para curtir a companhia da mulher, Bárbara.
“Em invisto o meu tempo de quarentena no que sempre investi: na minha música, na minha família, nas pessoas que convivem comigo no dia a dia. Continuo caseiro, preservando demais a minha intimidade, minha família, minha esposa, filhos e meus bichinhos. Tenho quatro cachorrinhos que são parte da minha família”, conta ele, que apenas sente falta dos netos, que ainda não conseguiu rever.
“Fiquei algum tempo sem ver meus filhos e pude reencontrar com eles agora no começo de agosto, quando fui a São Paulo fazer um programa de TV. Eles trabalham comigo e eu pude vê-los mais rápido. Meus netos eu não vejo há muito tempo.”
Noveleiro assumido, ele aproveita o tempo livre também para botar os folhetins em dia e rever algumas que mais gostou.
“Sempre fui noveleiro e sempre gostei de novela. Agora estou vendo Êta Mundo Bom, que eu acho uma trama sensacional e muito bem escrita. Vi a reprise de Avenida Brasil… Quando estou em casa, sempre que posso, acompanho as novelas”, diz.
Com 20 músicas em novelas, ele ainda se lembra da emoção de ver o primeiro trabalho em uma trama. “As pessoas sempre relacionam meus nomes com novelas, mas nem todos os meus sucessos viraram trilha de novela. Tenho umas 20 músicas em novela, mas tem artistas que têm muito mais que isso. A sensação que eu tive ao ouvir minha música em uma primeira novela foi indescritível, porque foi exatamente quando eu estava começando. Foi em Anjo Mal, em 1976.”

Além dos sucessos conhecidos em sua voz, José Augusto tem composições imortalizadas em outras vozes como Evidências e Indiferença, que o proporciona uma renda extra. Assim, ele consegue levar uma vida financeiramente tranquila, mas ainda de muito trabalho.
“A vida que eu vivo hoje, que é bem tranquila, é decorrente do meu trabalho, das minhas músicas e shows. Ficar rico é uma coisa… Basta uma pandemia dessa para que algumas pessoas percam essa condição e não tenham, sequer, perspectiva de futuro. Então, é complicado dizer que você ficou rico. Sempre fui rico de saúde, graças a Deus, e de muito amor. Agora rico, acho um termo bastante complicado para definir”, analisa.
Nesses 47 anos de carreira, José Augusto conta que aprendeu desde cedo uma máxima: 'respeitar e zelar por seus amigos, fãs e familiares'.
“Aprendi a respeitar as pessoas e ser amigos delas. Procurar sempre retribuir o carinho que as pessoas têm por mim, me acompanhando esses anos todos, indo aos meus shows, comprando as minhas músicas, assistindo às lives. Isso eu aprendi desde cedo. Além disso, aprendi a preservar os amigos que tenho, sejam eles famosos ou não.”