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Fabio Porchat sobre fazer comédia: “Não existe sagrado para o humor”

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Fábio Porchat (Foto: Reprodução / Instagram)


Com veia cômica impressionante, Fábio Porchat atualmente é um ícone da comédia no Brasil. Um dos criadores do Porta dos Fundos e apresentador de programas como Papo de Segunda e Que História É Essa, Porchat?, ele acredita que o humor é algo imprescindível para o ser humano. “Gente feliz não enche o saco”, brincou ele durante conversa com Quem.


 


Segundo o ator, no entanto, a seriedade e cunho social e informativo de alguns vídeos tem causado polêmica especialmente na internet. Fabio relembrou, inclusive, o famigerado episódio de Natal do Porta dos Fundos, que retratava Jesus como personagem homossexual. O vídeo gerou revolta entre fãs e causou um ataque com bomba na sede da produtora.

“Hoje em dia, fazer comédia é político. Foi fazendo comédia que jogaram duas bombas na minha produtora. Houve um atentado terrorista fazendo comédia. Comédia é um negócio sério, é tão sério que as pessoas se ofendem”, disse ele, acrescentando que o Porta dos Fundos sempre pontuou temas de discussão imprescindível em sociedade.

“A gente já fez parceria com a ONU, já fez vídeo sobre racismo, sobre machismo, sobre religião, gente maluca religiosa. A gente já fez piada com tudo. Tem piada até com terrorista muçulmano. Quando falaram assim: ‘Ah, mas você fez um vídeo de Jesus gay’. Cara, eu já fiz um vídeo sendo um terrorista muçulmano gay. Não tive problema com ninguém. A gente já fez piada sacaneando ateu, já brincou com todos lados, de todos os jeitos, e de todas as formas. Sempre levando muito a sério essa coisa de bater no opressor, e não no oprimido. De rir de quem bate, e não de quem apanha. Quem apanha está cansado, já. Está perdendo essa luta, precisa de aliado, de gente que indique a maluquice do opressor. A graça não é ver o negro apanhando, é ver o dono do Klu Klux Klan se ferrando”, explicou.

Fábio Porchat (Foto: Vinicius Mochizuki/ Ed. Globo)


 


Para Fábio, é importante defender a comédia em sua essência sem incitar o ódio. “Não existe sagrado para o humor. O sagrado é sagrado, porque a partir do momento que a coisa fica sagrada, ela vira lei e fica intocável e vira um monstro que vai se voltar contra você. A gente precisa poder falar do que a gente quiser. Mais uma vez: Não é incitando o ódio, a violência, disseminando preconceito. Quando falo de religião e brinco com isso, não entro na igreja, abro a porta e impeço um padre de falar. Não fico rindo da cara do crente que está no culto dele. Não chuto a santa, não vou a um terreiro e prejudico. Isso é crime. Estou falando de rir, de brincar, de ter uma outra visão sobre o assunto. A gente tem que poder rir de tudo justamente para não fazer com que as coisas virem monstros”.

O apresentador ainda frisou a importância de debater sobre os assuntos, ainda que não se ache graça em determinadas piadas. “A democracia é difícil, porque a gente tem que defender quem a gente odeia. Essa é a lição. O problema é falar ‘não pode’. E rola muito isso no Brasil, e isso é perigoso. A gente tem que deixar acontecer. Pode fazer piada com preto, com gay, com branco, com mulher, com aleijado, com todo mundo. O negócio é: 'Que tipo de piada você quer fazer? De que lado você está nessa luta? Que tipo de artista você é e que tipo de olhar tem sobre a sociedade?'”, refletiu.

Assista aqui na íntegra a live de Quem e Fábio Porchat.


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