Neymar, Rihanna, Johnny Depp e Carmen Miranda têm algo em comum. Além da fama e de serem nomes conhecidos mundialmente, possuem versões bem brasileiras: seus sósias. E ser parecido com alguém famoso pode ser um bom negócio se você investir tempo e dinheiro. Encarnar a aparência e personalidade de alguém como um trabalho ou plano B pode garantir R$ 4 mil em um dia.
Parece fácil, não? Mas entre viagens, comerciais de TV e eventos glamourosos, há muitos detalhes que muitos ainda desconhecem. Existem agências especializadas em divulgar e fechar trabalhos para os sósias. E a concorrência é acirrada, pois não é difícil encontrar até três Michael Jacksons disponíveis para sua festa, por exemplo. Para se destacar, é preciso ter um diferencial, seja na cópia fiel do figurino ou no estudo dos trejeitos do artista. “Digo que a minha profissão é a arte”, resumiu Bianca Karina, sósia de Rihanna.
QUEM conversou com sósias profissionais de diferentes idades e de personalidades variadas. Entre histórias divertidas, como o caso de Gabriel Lucas, que mais do que parecido é dublê de corpo de Neymar e já trabalhou em mais de dez comerciais ao lado do craque, e a história de Lana Miranda, sósia de Carmen Miranda há 20 anos, com direito a recomendação da família da cantora luso-brasileira.
Há também o outro lado, como gastos estrondosos com roupas, perucas e acessórios. Sem citar o tempo investido para estudar a personalidade do famoso. “Para chegar à perfeição do personagem, faço ele em inglês também”, contou Edson Carvalho, sósia de Johnny Depp. Demais, não?
O trabalho vale à pena, segundo a maioria, e é uma excelente segunda opção de renda. Mas para alguns, ser sósia tem data de validade. “Não é para a vida toda, quero fazer uma faculdade e levar isso como hobby”, garantiu o ‘clone’ de Neymar.
Confira as histórias e as curiosidades da vida de um sósia!
Com o aval da família
Aos 14 anos, Lana ouviu uma música de Carmen Miranda na rádio de sua cidade e se apaixonou pela cantora. Como fã, pesquisou a vida da artista e viu nela a oportunidade de mostrar seu talento como transformista. Aos 22 anos fez a primeira apresentação como a estrela luso-brasileira em um concurso de dublagem. Entre os trabalhos estão viagens internacionais, comerciais de TV e performances em exposições culturais.
Para ela, trabalhar como sósia de Carmen teve um empecilho a mais. Lana, que estuda a estrela desde os 14 anos, foi atrás de uma autorização da família da artista. “Sempre tive problemas com a família por causa dos royalties. Tive a oportunidade de falar com a irmã da Carmem, a Aurora (morta em 2005), e com as advogadas da família para que eu pudesse ter uma carta me liberando para trabalhar. Não me deram, mas me entregaram uma recomendação dizendo que eu poderia fazer qualquer evento que não atingisse a grande massa ou a mídia”, explicou a artista.
Lana, que também é maquiadora, apenas lamenta que os tempos de muitos eventos por mês não são os mesmos. “Faço shows em casas noturnas, em média uns 4 por mês. Mas alguns cachês não pagam nem o batom. Os pagamentos bons, quando aparecem, são os de eventos corporativos. Pode variar de R$ 600 a R$ 1.500 por dia”, contou.
Parte desse dinheiro é revertido em figurino para seu trabalho. “Gosto de fazer trajes exatamente idênticos aos dela. Entre tecido, pedrarias, mão de obra, bijuterias e tudo mais, uma roupa pode chegar a R$ 3 mil”, analisou.
Vários sósias em um
Jornalista formado, Edson é especializado em Johnny Depp, tendo como seu principal chamariz as performances como Jack Sparrow. Na vida real, ele nem se acha parecido com o artista. Como ator, gosta de dizer que é um caracterizador. “No começo eu fazia o Coringa. Depois, tive a fase Star Wars, como ‘clone tropper’ (soldado) e já fui até o Barbossa, de Piratas do Caribe”, contou.
Com 25 anos de carreira como sósia, ele se descobriu como ‘clone’ do ator em 2008. “Na época, eu fazia o Barbossa e tinha um outro ator que fazia o Johnny, mas parou de fazer. Precisavam de um substituto, peguei a oportunidade e naquele ano cheguei a fazer 45 trabalhos como Jack Sparrow”, resumiu.
Mas não foi fácil assim. Para atingir a perfeição, Carvalho se preparou e muito. “A pesquisa é grande e tem que comprar muito material entre livros e filmes. Para criar o Jack Sparrow levei três meses árduos. É um personagem difícil, porque tem vários trejeitos. Também pesquisei o próprio ator, a biografia, o jeito que ele fala como ele mesmo... Faço os personagens dele em inglês se pedirem. Sou sósia do Depp e de seus personagens, como o capitão Jack Sparrow (Piratas do Caribe), o Chapeleiro Maluco (Alice no País das Maravilhas), o Edward (Edward Mãos-de-Tesoura), o Barnabas Collins (Sombras da Escuridão) e por aí vai [risos]”, listou.
A versatilidade de Edson já o levou para trabalhos no exterior, como eventos na Arábia Saudita. Segundo ele, o cuidado com a caracterização é seu grande destaque. “Minha roupa de Jack Sparrow tem valor de R$ 2.200. Importei até as armas que ele usa. Não uso nada fake ou de plástico. Minha espada é de verdade, mas, claro, mandei um serralheiro cegar a lâmina [risos]”, frisou.
Ela confundiu até a Rihanna
![rihanna (Foto: Divulgação) rihanna (Foto: Divulgação)]()
Rihanna estourou em 2005 e hoje é uma dos principais nomes da cena musical. Apesar de estar no mercado desde então, ganhou uma sósia de respeito apenas em 2013. Trata-se de Bianca Karina, que de tão parecida com a estrela tenta se 'disfarçar', principalmente em seu trabalho como promotora de vendas.
“Eu não saio parecida com ela no meu dia a dia. Faço de tudo para não parecer [risos]. Mas sempre tem alguém que fala que eu pareço com ‘aquela cantora’, ‘aquela que namorou aquele cantor’... Não dura uma semana para as pessoas me descobrirem”, contou.
Bianca começou a trabalhar como sósia e cover de Rihana desde 2013 após insistência da família e amigos. Passou a dançar como a cantora e logo se viu imitando alguns trejeitos pessoais. “Eu já era fã e acompanhava a carreira dela. Então, essa parte não foi difícil. O complicado foi estudar o artista, pegar os trejeitos, o jeito de olhar, de movimentar...”, completou ela, que se apresenta em eventos, casas noturnas, aniversários e eventos corporativos. Em um mês bom, chega a contabilizar R$ 4 mil.
Um dos momentos mais emocionantes da vida de sósia de Bianca foi o fato de ter sido confundida com a própria nas redes sociais. “Postei uma foto minha em uma festa e começaram a divulgar como se fosse a Rihanna em uma balada. Tanta gente acreditou que ela mesma teve que comentar dizendo que era ‘mentira’”, contou animada. “Achei engraçado, porque ela nunca comenta nada e foi escrever justo na minha foto. Ainda bem que não me zoou [risos]”, completou.
Apesar de ser fã, Bianca não pensa em seguir como sósia de seu ídolo por muito tempo. “Quero encerrar minha carreira ainda neste ano. Não me vejo com 30 ou 40 anos ainda como cover”, analisou.
Dublê de corpo de Neymar
Não é qualquer sósia que tem no currículo 19 comerciais ao lado de sua inspiração. Gabriel, sósia de Neymr desde 2010, começou como qualquer outro profissional da área. Levado pela família para uma agência por causa da semelhança com o atacante foi logo contratado para uma grande campanha ao lado, justamente, do astro do esporte.
“Todo mundo dizia que eu era igual ao Neymar, que pensei: ‘Será que pareço com ele mesmo?"
“Meu primeiro trabalho já foi um comercial da Nike. Lá conheci o Neymar, que me deu uma chuteira e um autógrafo. Fui dublê de corpo dele, marcava luz, era filmado de longe... Depois desse trabalho, comecei a fazer aniversários, eventos para empresas e tudo mais”, contou ele que ganha, em média, R$ 1 mil a diária.
A semelhança física ajudou e muito no trabalho, mas Gabriel se esforçou para ter um diferencial. “Tive que treinar muito meu futebol. Treinei muito as embaixadinhas [risos]. Foi difícil, mas saiu [risos]”, relatou aos risos.
Uma curiosidade é que a vida de sósia depende do despempenho de sua inspiração. “Quando ele está jogando bem, trabalho bastante [risos]”, contou o jovem aos risos. E na vida pessoal?. Solteiro, ele diz que a semelhança com Neymar ajuda na paquera. “Um pouquinho”, resumiu.
Estrela de comerciais e programas de TV, Gabriel mantém a vida de sósia como uma segunda opção de renda e não pensa em seguir carreira artística. “Graças a Deus conquistei muitas coisas com esse trabalho. Posso ajudar em casa, pois moramos de aluguel. Pago minhas coisas pessoais, posso comprar tênis iguais aos dele... Mas no futuro vou fazer outra coisa e manter isso como plano B. Não é para a vida toda. Vou fazer uma faculdade e manter isso de ser sósia como hobby”, adiantou.
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Agradecimentos: Scoppio Produções Artísticas e Embrashow Produtora de Eventos