
Marcos, personagem de Romulo Estrela em Bom Sucesso, tem feito muita gente suspirar, e não é só na torcida pelo romance" entre o surfista bon-vivant e a batalhadadora Paloma (Grazi Massafera). Bem-humorado, ele mesmo admite que a internet vibra com suas cenas sem camisa, mas minimiza a empolgação do público. "Sou satisfeito com o conjunto da obra, mas bonito é o Rodrigo Hilbert", avisa o ator de 35 anos. "É que eu olho para o Rodrigo Hilbert e a minha esposa e são as mesmas cores", brinca o ator, que é casado com Nilma Quariguasi e tem um filho, Theo, de 3 anos.
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Romulo emendou quatro trabalhos de época - Além do Tempo (2015), Liberdade, Liberdade (2016), Novo Mundo (2017) e Deus Salve o Rei (2018) - até a trama das 7 da Globo. "Marcos tem uma coisa contemporânea e próxima de mim que torna esse trabalho um pouco mais difícil, para que ele não se pareça comigo", explica o maranhense, que na novela "disputa" a amada com o próprio pai, o editor Alberto (Antonio Fagundes), e um dos ex-maridos dela, Ramon (David Junior).
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Bom Sucesso, o ator acredita, é mais do que o romance e leva a uma reflexão maior por meio de Alberto, que tem uma doença terminal e poucos meses de vida. "Se a gente ficar atento, existem esses sinais de que a vida é sopro, de que passa super rápido. Em 2010, eu tive um problema no coração que me fez rever muita coisa", conta. "Naquele momento, me deu um clique: ‘meu pais, eu não posso perder o tempo precioso ao lado dessas pessoas’. Sempre penso nisso", diz Romulo.
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Quando o Marcos aparece sem camisa, a internet vai à loucura...
É (risos).
Você fez algum trabalho físico especial para a novela?
Passar fome (risos). Brincadeira, eu não passo fome, não. Na verdade há um bom tempo que eu entendi que o meu corpo é minha ferramenta de trabalho e precisa ser. A questão é essa. E eu sempre mantive uma alimentação boa e um peso ok. Fazer atividade física para ficar forte, sarado, depende do personagem. Em Ilha do Ferro, estava mais forte e pesado. O Marcos é surfista, poderia estar com o mesmo corpo e seria frustante. Eu vejo meu corpo como uma ferramenta de trabalho, não existe um culto à vaidade. Comercialmente é legal também porque o mercado consome isso. Está tudo certo, não é um problema.
Você se acha bonito?
Outro dei uma entrevista que disse ‘eu não me achava bonito’. E não achava bonito mesmo, eu não era um cara que olhava paro espelho e falava ‘tô legal’. Bonito é o Rodrigo Hilbert, uum dos caras mais bonitos que eu já vi na minha vida. O que aconteceu comigo foi uma aceitação, uma confiança. É isso que precisa para gente se achar bonito, não ter problema de falar ou receber um elogio.
Então hoje...
Sou muito satisfeito com o meu corpo, com a minha estética, com o conjunto da obra. Hoje estou bem tranquilo em relação a isso.

A química entre Marcos e Paloma é um dos pontos fortes da novela. Como é trabalhar com a Grazi?
Estou feliz com a química, que é importante para a construção dessa história, desses dois personagens. A Grazi como intérprete tem uma verdade muito grande no que faz, e isso é a base para que a coisa aconteça. Ela lê aquele roteiro, entende o que a cena pede e vai. Enquanto telespectador, vejo química tanto com o Marcos como com Ramon e Alberto. Quando você não fica procurando defesas e outras coisas e se disponibiliza para o personagem, essa química aparece.
Assim como o Marcos, você já se apaixonou à primeira vista?
Eu acho que já, que mesmo sem ter certeza eu já estava apaixonado. Isso já aconteceu comigo. O Marcos é um cara de muitas paixões. Tem uma paixão enorme por esse pai, tem uma paixão enorme pela literatura. É um cara muito intenso.

Você se inspirou em alguém para viver o Marcos?
Eu queria um personagem diferente de tudo que eu já fiz nos últimos trabalhos, que foram mais de épocas. Procurei emprestar um pouco mais do Romulo para ele. Mas venho de uma série de trabalhos de época, e o Marcos tem uma coisa contemporânea e próxima de mim que torna esse trabalho um pouco mais difícil, para que ele não se pareça com o Rômulo. Óbvio, as referências vieram da literatura, do próprio Peter Pan: essa coisa do dia não acaba e ele não cresce.
O que você tem em comum com ele?
Comecei a minha vida profissional cedo, com 17 anos eu já estava trabalhando profissionalmente como ator. Não tem regra, mas para mim fez muito bem terminar os estudos, entrar na faculdade e depois trabalhar. Eu sou um cara muito alegre e sou muito feliz. Agradeço todos os dias a vida que eu tenho. O Marcos é um pouco assim também. Não sou um cara tão galanteador como ele, mas somei à coisa de conquistador do Marcos essa alegria.
Marcos é bem conquistador...
Ele muda à medida que vai tomando uns foras da Paloma, mas Marcos tem vários desejos: ver o pai bem nessa reta final de vida, ver a editora que é o lugar onde ele cresceu não fechar as portas, ver a irmã feliz em um relacionamento bacana e, obviamente, também acalmar o coração com uma pessoa que dê que ele sempre quis da maneira que sempre acreditou ser o lugar de felicidade. Ele acha que esse lugar é (sendo) o cara solteiro, na noite com mulheres, sem compromissos. É um cara que deixa bem claro ‘olha eu gosto da minha vida desse jeito’. Ele se sente mais à vontade desse jeito, mas não é um cara mau caráter. Mas eu não debruço o meu personagem apenas sobre essa relação.

Não?
A gente tá contando uma história que é muito mais ampla do fato de ficar ou não fulano ou ciclano. Paloma, inclusive, pode ficar sozinha. Pode falar ‘não quero o Ramón, não quero o Marcos, o Alberto morreu, queria ficar com ele, vou ficar com quem? Vou ficar sozinha, estou até hoje sozinha, criando 3 filhos por que não posso ficar sozinha? Por que não posso ser igual o Marcos?’.
Então você pensa que seria legal o Marcos continuar sendo livre?
Eu acho bom a gente ser livre dentro de uma relação. É tão bom entender que em uma relação tem os dois, e tem eu e você, e a gente esquece isso. Isso precisa ser discutido porque até para você entregar pro outro é importante que você se conheça e se baste, que saiba conviver sozinho com seus problemas e suas angústias, porque senão você transfere para o outro. A Paloma ficar sozinha é uma possibilidade também. Que legal seria se Marcos terminasse com ela, e o legal de Bom Sucesso é que sai do óbvio. A gente quer discutir de um jeito diferente.

Participar de uma novela em que o personagem principal, seu pai na trama, tem uma doença terminal e apenas seis meses de vida, faz você repensar sua vida? Ver que não dá para perder tempo, não dá perder tempo com o filho, com a família, porque é tudo muito curto?
Total, e a gente perde mesmo assim. No domingo (25) eu saí de casa para gravar e recebi uma mensagem falando sobre a morte de Fernanda Young (escritora e roteirista, morta aos 49 anos, por complicações de uma crise de asma). Falei ‘puta que o pariu’, ela estava ensaiando, ia estrear uma peça agora em setembro (Ainda Nada de Novo, com Fernanda Nobre). Se a gente ficar atento, existem esses sinais de que a vida é sopro, de que passa super rápido. Em 2010, eu tive um problema no coração (uma fibrilação atrial que exigiu duas cirurgias) que me fez rever muita coisa. Naquele momento, me deu um clique: ‘meu pais, eu não posso perder um tempo precioso ao lado dessas pessoas’. Então sempre penso nisso e, ao mesmo, o que posso fazer é aproveitar o tempo que eu tenho porque não dá para ficar em casa, sem sair no carro. É algo para refletir.
Como que você sente que o Maranhão vê seu sucesso?
É obvio que, para conseguir avançar eu precisei ficar muito tempo sem dar aatenção que eu gostaria de dar, sem voltar para casa, sem visitar meu pai e meus amigos, e sem receber esse feedback do público de lá. Mas eu sinto que existe um orgulho muito grande porque não é uma coisa comum você ter um nordestino nesse lugar (de protagonista).
