Os traços delicados podem não dar a real dimensão da força de Vanessa Giácomo. Bastam alguns minutos conversando com a atriz para comprovar que ela é dona de uma personalidade decidida, como ela mesmo define. Vanessa é daquelas que sabem exatamente o que querem. "Não me arrependo de nada que faço. Mesmo que tenha algo que diga 'poderia ter feito melhor', penso que aprendi com aquilo", conta a atriz, que posou para QUEM em um ensaio que celebra o realismo fantástico da novela de Aguinaldo Silva.
"Tenho um temperamento superforte e todos meus personagens também são assim. Nem Cabocla era uma mocinha passiva", relembra. Cabocla, a protagonista da novela de mesmo nome, foi o primeiro grande papel de Vanessa Giácomo - aquele na hora certo e no local certo. De lá para cá vieram outras mocinhas e vilãs, numa sucessão de acertos que fazem da atriz de 35 anos uma das mais bem-sucedidas de sua geração, o que ela mesma reconhece. "Sou realizada em tudo que conquistei na minha vida", afirma. "Sou feliz, vou trabalhar feliz. Tudo que que eu faço, faço com amor. Coloco meu coração na frente de tudo. Pode parecer um clichê, mas é verdade", diz, ela, que está trabalhando no roteiro para uma série de TV, Rodízio, baseada no curta que ela escreveu e estrela.
Na vida pessoal, Vanessa também vive uma ótima fase. Casada com o empresário Guiseppe Dioguardio, com quem tem Maria, de 3 anos, ela tem também de Raul, de 10 anos, e Moisés, de 8, com Daniel de Oliveira. Em casa, é mãe amiga e linha dura, daquela que ouve os filhos, mas põe de castigo quando é preciso, torcendo para não sentir culpada. “Nasce um filho, nasce a culpa junto”, brinca a atriz.
O sonho da maternidade, que Vanessa sempre teve e conseguiu alcançar, é justamente um dos dramas de Stella. Em cena, ela não consegue engravidar e luta contra o alcoolismo. Para contar essa história com responsabilidade, a atriz conversou com alcóolatras e suas famílias e resgatou vivências do passado com amigos e até um tio distante que morreu vítima da doença. Realidade muito distante de Vanessa, que só bebe socialmente. "Nunca tive uma amiga segurando meu cabelo porque eu estava passando mal de bebida. Sou uma pessoa que não gosta de depender de ninguém. Não gosto de perde o controle em nada na vida", diz.
Em cena, Stella ainda pena com a sogra, Mirtes (Elizabeth Savalla), mas Vanessa faz questão de não reduzir o relacionamento entre eles a chavões como o da "sogra peste". "O que a Mirtes faz com a Stella hoje entendemos que é assédio", explica a atriz, creditando esse entendimento da situação também aos movimentos feministas que ganharam força nos últimos anos. "Stella é um personagem que vai encostar nesses temas de feminismo, empoderamento, assédio", adianta.
ARTISTA DE BERÇO
“Sempre quis ser atriz, é algo que nasceu comigo. Desde pequena queria de alguma forma estar ligada às artes, ao corpo, à voz, à atuação. Queria fazer balé e estudei teatro fora da escola. Meu pais (Paulo e Ivonete) deixaram no início, depois ficaram receosos porque é uma profissão difícil e não tinha nenhum artista na minha família. Meu pai tem uma metalúrgica, minha mãe se dedicava à casa e aos filhos. Quando eu vim para o Rio, ela veio junto e ficou comigo um período. Me acompanhou muito no começo.”
SORTE
“Muita gente quer atuar e fazer uma novela. Muitos têm um sonho verdadeiro que sempre existiu, outros querem porque querem ser famosos. E é difícil você ter a sorte de estar na hora certa, no local certo, com o produto certo e um personagem que foi feito para você. Mas o que tem acontecer, acontece. Se tiver que ser seu, vai ser. Para mim, isso foi com Cabocla. Ninguém sabia quem eu era e depois da novela ficou um pouco mais fácil de me chamarem para um trabalho. Não é que seja difícil de entrar (no meio artístico). O difícil é se manter, estar sempre se renovando, arriscando e tentando coisas diferentes".
CONSELHO PARA INICIANTES
“Esse é um trabalho em que você tem que estudar muito, diariamente, estar sempre se renovando, inclusive com os atores jovens, também. Se você parar na sua geração e falar eu ‘sei tudo’... Não, você não sabe, estamos sempre aprendendo com alguém, com os mais jovens e os mais velhos. Na profissão, você está também se adequando à realidade que vivemos. O ator tem de estar sempre muito aberto a tudo não pode se isolar. O erro de algumas pessoas é se isolar, ‘ah, não quero, vão me reconhecer, vão tirar fotos’. Mas você precisa desse contato, precisa do outro, precisa olhar para as pessoas e reconhecer a diferença entre elas. A arte de atuar é a arte de observar o tempo inteiro. Se eu não tiver memórias dentro de mim e vivências eu não tenho cartas para jogar.”
ARREPENDIMENTOS
“Quando olho para trás, digamos com Cabocla, eu penso tinha que ser feito daquele jeito mesmo. Se eu fizesse hoje, não faria daquele jeito porque lá tinha uma idade diferente, pensava de outra forma. Então foi do jeito que tinha que ser. E não me arrependo de nada do que faço. Mesmo que tenha alguma coisa que eu diga ‘poderia ter feito melhor’, eu penso que aprendi com aquilo.
TEMPORADA FORA
“Passei três meses morando em Portugal do final do ano passado com o Giuseppe e as crianças. Fui em dezembro, eles um pouco antes. Foi uma experiência que fortaleceu a família. Existe uma união maior porque um precisa do outro. Éramos nós, meu marido com meus filhos, só a gente, de vez em quando ia uma moça ajudar com a limpeza. Andávamos muito a pé; meu filho falava ‘nossa mãe, você quer andar em tudo’. Eu dizia: 'é porque aqui a gente pode meu filho, quero andar porque há quanto tempo a gente não anda tranquilamente em uma cidade grande’. Foi muito bom, mas não deu vontade de viver e trabalhar viver lá. Queria era ficar um tempo fora. Eles curtiram muito. Foi lá em Portugal que Aguinaldo me convidou para a novela.”
STELLA
“Não tenho muita coisa da Stella. Ela é muito sofrida, tem muita dor e muita mágoa. Eu não sou assim. Resolvo minhas questões muito rápido, não guardo mágoa de ninguém, o que tiver que resolver eu resolvo. E a situação dela é complicada. Stella não consegue ser mãe, o que a sogra joga na cara dela. Stella carrega essa culpa e vai para o alcoolismo.”
DRAMA DA FERTILIDADE
“Não sei se Stella tem realmente o desejo de ser mãe e não pode, ou se ela carrega a culpa de não poder ser e tem ainda essa pressão na família pela qual muitas mulheres passam. Acredito que é muito maior que isso. Stella vive naquela cidade pequena, o marido é médico, poderiam ter uma família perfeita, mas ela não conseguiu se adequar a essa padrão porque não engravidou. Aí Stella foi para essa segunda fase que, de alguma forma a levou para a bebida. Mas, penso que primeiro veio a depressão desse assédio que ela vive constantemente dentro de casa.”
ALCOOLISMO NA TV
“Cada cena que eu faço é um trabalho cirúrgico de olhar cada detalhe e que depende do que eu estudei e trabalhei e, também da direção, de como isso vai ser colocado, do que vai provocar no público. É um trabalho conjunto com muito cuidado para não ficar caricato e nem ir para uma coisa engraçada. Estamos falando de um assunto muito sério. Várias famílias sofrem com o alcoolismo e tenho muito respeito para contar a história de Stella. Minha preparação para ela incluiu filmes como Garota do Trem e Noites de Estreia. Assisti Vale Tudo, e Heleninha Roitmann é um ícone. Renata Sorrah arrasou fazendo ela, mas ela é diferente da Stella. Heleninha era uma socialite, uma mulher com uma independência, bebia e causava. Já Stella é muito mais oprimida, vive assédio moral constante da sogra.”
PREPARAÇÃO
“Durante a preparação, conversei com algumas pessoas, filhos de quem bebe. Achei interessante esse olhar de quem está de fora, porque quem está passando pela situação muitas vezes não consegue admitir que está doente e que o alcoolismo é uma doença. Os parentes me passam a visão de como esse arco de começar a beber é muito rápido e diferente de quem bebe socialmente. Stella, por exemplo, mistura bebida com remédio, e tive que estudar isso também. Conversei ainda com alcóolatras sóbrios, em tratamento, e enquanto sabem o que perderam na vida, não sei se têm essa total noção de como se transformam. Já perdi um tio distante por causa da bebida; uma amiga bem próxima uma vez começou a tremer e enquanto oferecia uma garrafinha de uísque. Ela precisava beber, e isso me marcou.”
CONTROLE
“Nunca tive uma amiga segurando meu cabelo porque eu estava passando mal de bebida. Sou uma pessoa que não gosta de depender de ninguém. Não gosto de perder o controle em nada na vida, então não vou passar de um limite porque se passar alguém vai ter que me segurar e isso de jeito nenhum. Eu bebo bem socialmente mesmo.”
IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO
“As pessoas se identificam muito com essa família e com a questão da sogra, em que o marido fica entre a cruz e a espada. Os homens se veem no José Aranha, porque a gente não consegue enxergar tanto defeito na mãe e, ao mesmo tempo, ele é apaixonado pela esposa. Já as mulheres ficam revoltadas, me falam que ‘ninguém merece essa sogra’. Existe um carinho grande pela Stella, as pessoas entendem que ela vive um drama ali.”
SOGRA
“A Mirtes é uma peste, é muito grosseira, fala absurdos e acha que está no direito de ser assim. Já Stella senta com as prostitutas da cidade, não tem preconceitos. Não tenho essa experiência, minha sogra, Regina é fantástica, um amor de pessoa, nunca tivemos problemas mesmo. Falo para ela vir para cá para o Rio, e ela diz que não quer atrapalhar. Também nunca tive problemas com minha ex-sogra.”
MÃEZONA
“Sempre tive certeza de que queria ser mãe. Não sei se estava nos meus planos ser mãe tão nova, mas o Raul aconteceu e deu tudo certo. Não tive medo, porque com 24 anos a pessoa nem pensa (risos). Se eu tivesse 30, talvez tivesse tido um pouco mais de receio porque se tem mais dimensão da vida. Mas tinha 24 anos e falava ‘vou cuidar com todo o meu amor, vou aprender com ele, vamos juntos’. Antes de ter filho, quando alguém vinha com um bebê recém-nascido era ‘ai, não quero pegar’, me dava nervoso. Mas quando é seu e faz parte do seu corpo, acabou de sair ali... Não sei, vem uma força junto também.”
GRANDE FAMÍLIA
“Eu quis ter família grande. Com um filho você sente muita culpa, porque nasce um filho, nasce a culpa junto. Você se cobra de não estar o tempo inteiro com ele. Aí, quando tem o segundo filho, sabe que eles estão fazendo companhia um ao outro. A expectativa e as pressões são divididas e, quando educo um, indiretamente educo o outro porque ele está vendo que estou corrigindo algo. É mais fácil com o segundo filho e com o terceiro mais ainda.”
RAUL & MOISÉS & MARIA
“Eles brincam os três juntos, ninguém fica excluído, e os meninos adoram a irmã. São muito amigos e deixo isso muito claro, que irmão tem que estar ali para o que der e vier, que um tem que ajudar o outro. Não tem que falar ‘mãe, o Raul fez não sei o quê’. Não, é seu irmão, você resolve com ele, não tem que dedurar, tem que ser amigo do outro. A Maria é a mais parecida comigo fisicamente, já de personalidade é o Moisés. E o Raul é ele mesmo, bem calmo, fofo. Não passo a mão na cabeça da Maria só porque é menina. Claro que ela é mais delicada e mais sensível e, por ser mais nova, exige um pouco mais de cuidados enquanto eles estão mais independentes. Mas os valores passados são os mesmos, a educação que dou para um, dou para os outros. Desde cedo os meninos sempre foram parceiros, toda vez que questionavam meu trabalho eu explicava que era importante, que tinham que respeitar.”
AMIGA LINHA DURA
“Sou muito amiga dos meus filhos e também sou bem linha dura quando tenho que ser, ponho de castigo se precisar. Se estivessem aqui, eu estaria prestando atenção o tempo todo. Não deixo passar nada, se fazem algo de errado eu (levanta a voz) já falo ‘ó, que isso’ para passar vergonha mesmo e nunca mais repetir. Mas eu acho que educar é isso, é estar o tempo inteiro presente, olhando seu filho e ouvindo o que ele tem para falar. Mesmo quando eu volto cansada do trabalho, eu quero saber como foi na escola, o que aconteceu. E é aí que vem a amizade e a confiança que eles depositam em mim. Mas tem que colocar limites, tem de ter os dois lados. Mas, como disse, nasce uma mãe nasce a culpa. Ponho de castigo e falo comigo: ‘não vou me arrepender disso, não vou me arrepender’.”
DIVISÃO DE TAREFAS
“Em casa eu acabo sendo mais linha dura que o Giuseppe. Mas existe uma troca de respeito; se ele fala com os meninos, eu também não vou tirar essa autoridade dele falar. Geralmente essa coisa da bronca fica mais na minha mão, mas ele dá bronca também, tem que chamar atenção quando eles fazem algo (errado). Tenho ajuda para dar conta de tudo. Martinha e Ellen (secretárias de Vanessa) me dão tranquilidade para trabalhar, Daisy vem de 15 em 15 dias. Giuseppe viaja muito, mas quando está em casa consegue participar. Meu pai me ajuda muito, leva os meninos na escola, busca e leva a Maria. Aí já fica mais tranquilo.”
DISCRETA NA VIDA E NAS REDES
“Sou muito discreta em relação à minha vida particular, nunca fui de me expor. Não é uma coisa de ‘vamos nos resguardar e não vamos falar do nosso amor’. Às vezes tem várias fotos lindas de um momento que a gente viveu e que é tão nosso... Não vamos postar, vamos guardar essa imagem, esse lugar e essa memória em outro lugar (que não a web). Registro e coloco nas redes o que acho legal, que os fãs vão curtir e compartilhar. Acho mais interessante quem me acompanha querer saber mais do meu trabalho. A minha vida pertence à minha família, aos meus amigos, às pessoas mais íntimas. É lógico que os fãs têm curiosidade e querem saber como é o rostinho das crianças, mas ele respeitam isso também. Quem me segue na redes sabe que posto quando tenho vontade. Pelo amor de Deus, publicar Stories todo dia?! Às vezes esqueço e fico uma semana, 15 dias sem postar nada. Aí vou e publico algo.”
GIUSEPPE
“A nossa história é muito linda. Namoramos quando eu tinha 18 anos por uns seis meses. Foi pouco tempo juntos, mas o suficiente para a gente se dar muito bem e ter amizade, carinho e respeito pelo outro. Terminamos porque ele teve que ir para a Itália trabalhar e eu tive que ficar aqui porque estava atrás da minha carreira. Logo na sequência eu entrei para fazer Cabocla, ele foi ser agente Fifa lá fora, e perdemos contato completamente. Aí eu demorei ainda um tempo para me relacionar com meu ex-marido, e aquilo ficou na lembrança, uma coisa boa, mas nunca mais nossa falamos, eu fiquei anos sem ter nem notícia dele.”
REENCONTRO
“Anos depois, em uma fase já separada e que minha mãe estava bem doente com câncer terminal, fui a um jantar e uma amiga de uma amiga disse que o filho jogava futebol e ela estava procurando um agente Fifa. Aí eu falei ‘conheci um’ e, a pedido dela mandei uma mensagem para o Giuseppe no Facebook. A foto do perfil dele era com o sobrinho, então para mim ele estava casado e com filhos. Giuseppe respondeu ‘oi, Vanessa”, e eu ‘meu Deus, não vou responder, esse homem tá casado’ (risos). Mas minha amiga falou ‘seja educada, Vanessa, você passou o contato e ele falou que vai ajudar e você não fala mais nada?’. Mas demorou para a gente se reencontrar pessoalmente.”
SURPRESAS DA VIDA
“Eu não esperava nada desse reencontro. Eu não sou muito de planejar e ficar fantasiando coisas. Estava separada há pouco, então para mim foi só uma surpresa e uma alegria revê-lo. Mas óbvio que mexeu comigo em algum lugar. Eu sou romântica, com certeza fiquei no ‘será que?’ Acho Giuseppe lindo, educado, um homem inteligente, acho ele tudo de bom (risos), por isso que estou com ele. Então quando nos reencontramos, tinha todo esse pensamento, mas eu estava numa fase em que minha mãe estava muito doente e não estava com uma cabeça de romantizar tudo aquilo. Mas as coisas foram acontecendo muito devagar e muito da maneira como tinha que ser, de uma forma muito potente e que era muito verdadeira porque um estava ali porque estava a fim de estar com o outro.”
CASAMENTO
“Eu e Giuseppe somos muito parecidos nos valores, humor, a forma de encarar a vida. A gente olha pro mesmo lugar. Ele vê minhas cenas, mas não tem ciúme, nunca interferiu em nada. E eu continuo sem entender futebol (risos). A gente faz muitos programas com as crianças, às vezes saio do estúdio e encontro com ele em um restaurante. Quando você gosta, quer ficar com a pessoa e arruma tempo, não tem cansaço. Giuseppe viaja muito devido ao trabalho, mas quando está em casa, está sempre inteiro.”
EMPODERADAMENTO E FEMINISMO
“Essa coisa de 'empoderada' já deu o que tinha que dar, essa palavra que todo mundo fala, empoderamento.... Acho importante como as mulheres estão enxergando tudo, essa sororidade, de ajudar a outra pessoa. Quando estou com as crianças e preciso de alguma coisa é sempre uma mulher que vem me ajudar. É muito bonito esse movimento, acho importante, acho que tem que existir. O feminismo não pode esbarrar no femismo, porque senão seria a mesma coisa do machismo. É importante as mulheres lutarem pelos direitos iguais, e os direitos têm que ser iguais: não tem que ter ninguém melhor do que ninguém. Minha linha de mulher feminista é nesse lugar: as mulheres são fortes, empoderadas e potentes quando elas estão lutando por um direito que é justo e nosso, sem ser melhor do que ninguém."
MUDANÇAS
“Os movimentos dos últimos anos (como #MeToo e outros) trouxeram mudanças, sim. O que a Mirtes faz com a Stella hoje entendemos que é assédio. Identificamos e demos nome ao que é. Isso é positivo, conseguimos determinar o que é aquilo de que você está sofrendo e nomear. Muitas pessoas sofrem e não sabem o que é; você sabe que sai mal de um lugar, de um ambiente de trabalho e não sabe o porquê. Então eu penso que qualquer movimento é sempre justo e importante para isso, para esclarecer as coisas. Todo mundo já se sentiu assim em algum momento da vida, e Stella é um personagem que vai encostar nesses temas de feminismo, empoderamento, assédio.”
AUTOCONHECIMENTO
“Nunca senti necessidade de fazer terapia, mas respeito muito quem faz; cada um sabe a necessidade que tem. As minhas questões eu consigo resolver sozinha, e isso não é nenhum mérito. Eu gosto de passar por alguma situação difícil, encarar e bater de frente com ela, e sofrer tudo que eu tenho que sofrer para aprender também. Por exemplo, a morte da minha mãe. Se eu não vivo aquela dor, aquele luto ali no momento em que eu tenho que viver, se não participo e fujo, essa dor vai ficar dentro de mim. Não vou resolver essa questão, e ela vai estar sempre na minha vida, permeando a minha vida. E eu não gosto disso. Eu gosto de viver, se eu estou ali, eu vou viver. Então quando minha mãe ficou doente, eu fiquei com ela. Eu a vi doente, vi as luzes se apagando, eu vi (ênfase)... Eu vivi tudo isso, eu vivi o luto. Isso para mim foi importante. Mas os seres humanos são muito únicos, então é difícil dizer se essa forma de encarar as coisas é igual para qualquer um.”
TEMPERAMENTO FORTE
“Tenho um temperamento superforte, e todos os meus personagens também são assim. Até Cabocla, que era mocinha, não era uma mocinha passiva. Eu não sou uma pessoa passiva, não sou de deixar passar algo de que não gostei ou deixar alguém fazer uma coisa que acho injusta. Eu vou falar. Quando você fala essas pequenas coisas do dia a dia, não acumula até virar uma explosão. Então eu falo, tiro de mim e não deixo acumular. Nunca perdi amigo por falar a verdade. Sou ariana, muito fiel aos amigos, ao casamento, muito leal e correta. Sou muito justa e quando sei que estou errada, eu reconheço. Sou muito verdadeira com tudo que eu sinto, então se não gosto de uma pessoa não vou disfarçar. Não consigo mentir com as coisas na minha vida."