
AD Junior, apresentador do Trace Trends ao lado do jornalista Alberto Pereira Jr., atração multiplataforma com conteúdos sobre a diversidade cultural no país, na Rede TV!, está entusiasmado com os debates contundentes e o conteúdo da atração da segunda temporada, que reúne nomes como a modelo Lea T e a escritora Djamila Ribeiro.
Seguindo as mudanças na vida social em decorrência da pandemia do coronavírus e as recomendações da Organização Mundial da Saúde, a temporada está sendo gravada remotamente. Em bate-papo com Quem, AD Junior, que também é influenciador de conteúdo, fala sobre o protestos antirracistas que se espalhou pelos Estados Unidos e pelo Brasil, desde a morte de George Floyd, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, e do jovem João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, morto durante uma operação das polícias Federal e Civil na comunidade do Salgueiro, Zona Norte do Rio.
Quem: Trace Trends está com boa repercussão por discutir questões de representatividade e diversidade. Como surgiu a ideia do programa?
AD Junior: Trace Trends surge como um programa para abordar questões ligadas à diversidade. Nossa procupação inicial era colocar o programa no ar. Quando nosso CEO, José Papa, apresentou a ideia para a Rede TV!, eles compraram esse desafio. A ideia foi tão boa que acabamos ganhando espaço na TV aberta.
O que pode nos adiantar do bate-papo com a Lea T e a Djamila Ribeiro, convidadas da semana?
O programa apresentará grandes novidades. Começamos a conversa com a Djamila Ribeiro, uma grande filósofa e escritora brasileira, que aborda, com precisão cirúrgica, a importância da luta contra o racismo de forma séria e concisa. E ainda temos um bate papo com a Lea T que, entre outras assuntos, irá falar de suas vivências neste momento de pandemia.

Nestes últimos dias, movimentos antirracistas ganharam destaque diante de situações como a do menino João Pedro, aqui no Brasil. Acha importante que questões sejam debatidas?
Mais que importante, é fundamental que o Brasil pare de fingir estar em uma “festa democrática” quando, na verdade, estamos em um país extremamente desigual e totalmente violento contra os negros. Vale lembrar que essa discussão acontece de forma muito tardia e chega em território brasileiro com um hiato, um eco, de quase 50 anos em relação aos EUA. Ainda assim, quando as questões raciais eram discutidas na década de 60 em território americano, não foi tudo resolvido. Exemplo disso é que, ainda hoje, temos manifestações e enfrentamentos sobre políticas de encarceramento e violência em massa contra negros nos Estados Unidos. E isso, mesmo depois de seis décadas da morte de Martin Luther King.
No Brasil é mesma coisa, apenas com uma diferença: por aqui os brancos se negaram a participar da discussão racial. E o que estamos assistindo agora é que pessoas brancas também estão fazendo coro aos debates sobre raças.
Avalia de demos caminhamos ou retrocedemos? Consegue imaginar uma sociedade com menos preconceito?
Acredito que nós conseguimos caminhar em direção a um avanço -- ainda que mínimo. Porém, o preconceito racial ainda é muito alto. Vamos precisar correr muito ainda para que a discriminação contra os negros e negras seja erradicada da sociedade. Mas, para além do preconceito, é importante elucidar que o lastro que ele deixa, o racismo, é muito pior. É o racismo que cria uma estrutura que impede negros e negras de acessarem diversas camadas sociais.
Na infância, vivenciou situações de racismo? Como lidou com elas?
Claro! Vivenciei várias situações de racismo na infância. Consegui lidar com elas graças aos meus pais que me ensinaram, desde cedo, quem eu sou e como eu poderia me empoderar. Ao mesmo tempo, também entendi que só conseguiria fazer esse enfrentamento com muito, mas muito conhecimento. Foi durante o meu crescimento que comecei a me deparar com o movimento de empoderamento que acontece hoje, ou seja, onde uma criança não é tolida ao falar o que pensa ou o que sente. Tenho muita sorte de ter nascido e crescido em um lar como o do meus pais.
