
Cauê Campos só tem motivos para celebrar sua participação em Pantanal. O ator entrou na trama em junho, quando foi apresentada a segunda família de Tenório (Murilo Benício), composta por Zuleica (Aline Borges) e três filhos, Roberto - seu personagem - Marcelo (Lucas Leto) e Renato (Gabriel Santana). Apesar de breve, ele acredita que sua experiência na novela foi a melhor possível.
"Quando a gente entrou para o elenco, a nossa preocupação era justamente entrar num ritmo diferente de quem já estava, porque entramos ali no meio da novela. Graças a um trabalho que rolou com a nossa preparadora, a gente foi se conhecendo antes, alinhando tudo direitinho. A gente pegou o trem andando e acabamos conquistando a galera. No início a recepção do público não foi tudo isso, mas depois a galera foi caindo na nossa, foi apostando. Isso foi maravilhoso", disse.
Cauê viveu cenas intensas e tentou mostrar o máximo possível de profundidade do personagem com o tempo que teve. "Essa maturidade que eu tentei criar com o personagem foi uma coisa que cheguei a conversar com o nosso diretor. Na última cena que gravei, falei 'nessa eu quero demonstrar o ápice da maturidade'. Era ele ali no confronto com a família e foi muito maneiro construir isso ao longo da novela, ir mostrando que o meu personagem estava ali observando, que ele ia pontuar as coisas que estavam acontecendo. Infelizmente ele vai se despedir. Acabou sendo de uma forma trágica, acontece, mas eu acho que deu certo no fim", afirmou ele no camarote da KitKat no Rock in Rio.

Roberto irá morrer afogado em um confronto contra Solano (Rafa Sieg), cena que deve ir ao ar na próxima quarta. "Me emocionei muito. Acho que me emocionei até por um lado muito positivo. Eu sou estudante de produção cultural, tenho um sonho de continuar atuando e produzir em algum momento, principalmente cinema. E puder ver o que estava acontecendo ali, toda aquela emoção, aquela adrenalina que rola por trás das câmeras...", disse.
"A gente fez essa sequência de morte toda aqui no Rio, também devido à estrutura e por ter uma segurança bem maior. Lembro de quando a gente chegou em Seropédica (cidade no estado do Rio de Janeiro), tinha uma galera de barco pronta para levar a gente para um lugar, bombeiro esperando, trouxeram a cobra verdadeira... Isso tudo é uma adrenalina que mexe com o coração, não tem como não ficar emocionado."
A cena da morte contou com a participação de uma cobra sucuri e Cauê celebrou ter podido estar tão próximo da natureza durante as gravações. "A gente brinca que lá no Pantanal é tudo mágico. Falo que lá jacaré é igual a pombo, você vai andando na rua e tem um monte, passa no rio e tem um monte. Isso foi muito fantástico. E aqui no Rio foi muito lindo, quando eu pude ver de verdade a sucuri. Poder ver ela de pertinho, encostar. Poder estar em contato com a natureza assim, tanto lá quanto aqui, foi uma parada fantástica. Uma das minhas últimas cenas gravadas foi a gente colocando o gado para dentro, eu, o Gabriel e o Lucas. É lindo demais. Isso são coisas que eu vou levar para vida."

Cauê está com 20 anos de idade e cresceu nas telinhas como o Capim de Detetives do Prédio Azul, do canal Gloob. Agora no horário nobre da Globo, ele reflete sobre a diferença no assédio dos fãs, e admite que sua namorada, Luana Braz, também está ainda tentando se acostumar.
"Minha namorada é pedagoga, não é famosa. A gente está namorando há sete meses, e quando começamos a namorar já sabíamos que era assim. Pouco tempo atrás, a gente brincava que já estava acostumado com criança por causa de D.P.A. A galera parava a gente para tirar foto. Só que hoje em dia, com o sucesso de Pantanal o público mudou. Esses dias, eu fui a uma feirinha de São Cristóvão, lá no Centro de Tradições Nordestinas, e a gente não conseguiu andar. Ela e minha mãe acharam uma loucura. É muito louco mesmo. Eu não sei se a Lu compreende, mas sei que a gente fica muito feliz. Esses dias ela até postou nas redes sociais, falou assim 'eu fico muito feliz, quando eu vejo alguém falando do meu amorzinho'. Então, eu fico muito feliz", afirmou.

Além da carreira de ator, Cauê está estudando produção cultural. Durante o papo, ele falou sobre a importância de continuar lutando por mais espaço para pessoas negras em todos os ambientes.
"A gente vem de uma luta de Milton Gonçalves, de Zezé Motta, de Ruth de Souza, de Elisa Lucinda. De muitos atores negros que estão vindo por aí e que vieram no nosso passado e abriram o caminho para a gente. Eu reconheço muito da luta dos que vieram antes de mim e espero estar conseguindo afirmar isso com o que estou fazendo agora. Espero estar conseguindo abrir caminho para os próximos que ainda vão vir. Eu sei que ainda tenho 20 anos, mas eu quero ficar até o final", afirmou.
Ele continuou: "Como produtor e como ator quero conquistar espaços para que chegue a um ponto em que as oportunidades sejam iguais, onde a gente seja a maioria. Não adianta eu chegar lá e ver que sou o único que está ali. Não adianta a gente entrar, seja num filme, numa série, e de dez pessoas só ter duas negras. É brigar por um espaço que tem que ser nosso. A gente vive num país onde mais de 50% da população é negra e mais 50% da população não se vê representada nas telas. E hoje estamos falando sobre racismo, amanhã a gente pode estar falando sobre muitas outras questões, a causa LGBTQIA+, da falta de representatividade de asiáticos na TV. A gente precisa de representação em todos os campos, na TV, na mídia, política e no poder."