
Antônio Calloni, 60 anos de idade, chama a atenção na pele do juiz Matias Tapajós em Além da Ilusão, novela que chega ao fim em 19 de agosto. Com 36 anos de carreira, ator afirma gostar do frescor de contracenar com talentos da nova geração. Ao longo da trama de Alessandra Poggi, ele fez importantes cenas com Larissa Manoela e emocionou em sequências com Debora Ozório, que vive "a menina que ninguém queria" Olívia, também sua filha, da relação com Heloísa (Paloma Duarte).
"A relação com os atores mais jovens é via de mão dupla. Você ensina, mas também aprende. É fascinante esse processo. O aprendizado e o ensinamento se dão ao mesmo tempo. Nesta novela, temos colegas disponíveis, atentos e sinto um prazer imenso com este trabalho", diz o ator para Quem. Com as gravações encerradas, ele repaginou o visual, assim como boa parte do elenco da novela. Na companhia da mulher, a jornalista Ilse Rodrigues, viajou em férias para Berna, na Suíça.


Para Calloni, o processo de conhecer o papel acontece aos poucos. "Falar de personagem sempre foi uma dificuldade para mim. Para iniciar um trabalho, sempre há uma sinopse com o perfil do personagem. Tenho a sensação de que só conheço o personagem quando concluo as gravações (risos). O Matias não é um criminoso no sentido de ter o hábito de cometer crimes, mas ele cometeu um crime e coloca a culpa outra pessoa. Foi um personagem fascinante de fazer, embora difícil."
Na primeira fase, o personagem já apresentava características de vilão autoritário. Contrariando com o namoro da filha mais velha, Elisa (Larissa Manoela), com o mágico Davi (Rafael Vitti), ele decide acabar com a vida do rapaz. No entanto, ao errar a mira, acabou tirando a vida da filha. Juiz influente, ele jogou a culpa em cima do namorado da filha, que passou dez anos preso.

"O Matias tem uma predileção evidente pela Elisa. A Isadora não é a filha preferida dele e isso fica muito claro. Na segunda fase, ele tem delírios e, às vezes, confunde as filhas. A morte da Elisa fez com que perdesse o juízo e desenvolvesse uma demência precoce, como era chamada a esquizofrenia na época."
Nesta reta final, Matias passa a ter um tratamento com a médica Nise da Silveira (1905-1999), vivida por Gloria Pires, em participação especial. A psiquiatra era uma entusiasta da arte para o tratamento de pacientes. "A arte realmente salva. Somos uma resistência importante. Estamos sobrevivendo à pandemia do vírus e a essa pandemia política. Somos realmente muito fortes. Todos estivemos dispostos a este trabalho."
Além do reencontro com Gloria Pires, com quem havia atuado em Éramos Seis (Globo, 2019), Calloni celebrou a chance de voltar a atuar com Paloma Duarte, sua colega de cena dos tempos de Terra Nostra (Globo, 1999).





