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Faixa a faixa: Nicki Minaj aborda obscuridade em 'The Pinkprint'

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Nicki Minaj (Foto: Divulgação)

Quem via Nicki Minaj com aqueles looks excêntricos e músicas que impregnam pode se surpreender com The Pinkprint, o terceiro disco de estúdio da rapper. Depois de abrir espaço para artistas como Iggy Azalea, que domina os charts atualmente, ela precisou achar um caminho para se destacar e optou pelo mais difícil: letras obscuras sobre assuntos pessoais raramente discutidos publicamente, além de fugir do dance pop – encontrado em seu segundo disco -, voltando às suas raízes, o rap.

Capa de 'The Pink Print' (Foto: Divulgação)

Esse passo, inclusive, parece uma resposta a quem a acusou de “traidora do movimento” ao se render a melodias comerciais. Mas em uma comunidade como o rap, que é predominada por homens, ela precisava achar uma forma de se destacar. Com o caminho aberto, Nicki achou uma brecha para fazer o som que gosta, mas não deve agradar os fãs que angariou em sua fase mais pop, mas não parece estar preocupada.

Outra estratégia para manter-se nos radar das rádios foram as escolhas para parcerias. Beyoncé, Chris Brown, Drake, Ariana Grande e Jessie Ware parecem ter sido pinçados para expandir os ouvintes de Nicki, o que deve funcionar brilhantemente e prova a teoria de que é preciso muito mais do que música boa para ser bem-sucedido. Marketing é tudo.

The Pinkprint, no entanto, mostra um lado mais denso e artístico, pouco explorado por Nicki, o que compensa pela falta de melodias memoráveis, mas surpreende pela ousadia da rapper, que tenta se firmar como cantora e faz bem feito em faixas como Grand Piano e I Lied.

“Eu tive que reinventar”, começa Nicki Minaj em um rap suave, que é muito mais introspectivo do que pode parecer. Em All Things Go, ela trata de assuntos pesados como a morte de seu primo - quando tinha apenas cinco anos - e do aborto que fez na adolescência.  A melodia pode não ser a mais memorável, mas Nicki se revela de forma honesta, mas, aparentemente, sem muitos pesares. Afinal, tudo passa.

Quem nunca tentou esconder os sentimentos para evitar sofrimentos? Nicki assume em I Lied que preferiu se afastar de seu amor com medo de ter o coração partido. Surpreendentemente, a rapper mostra versatilidade vocal ao atingir notas altas e descartar cantoras de apoio para fazer o próprio refrão.

Uma parceria inusitada com Jessie Ware não poderia resultar em algo se não uma das melhores faixas de The Pinkprint. The Crying Game fala de uma relação abusiva e traz uma linha de guitarra que predomina a melodia, com estalos de dedo marcando o compasso - mais remanescente do trabalho de Jessie, do que de Nicki.

A primeira participação mais mainstream aparece em Get On Your Knees. Nicki recruta Ariana Grande para uma faixa mais sexy, que inverte os papeis e trata o homem como o objeto.  Até aqui, o álbum continua melodicamente linear passeando entre o rap e o hip-hop,  com leve influência do trap, sem se render aos sintetizadores tão utilizado em seu álbum anterior, o Pink Friday: Roman Reloaded.

Beyoncé chega com seu tom imponente para amparar a ostentação da vida luxuosa feita pela rapper. Sem muita originalidade e tema repetitivo, a canção não atinge as expectativas e apenas grita “hit” pelo nome de peso estampado na parceria.

Chris Brown, Drake e Lil’ Wayne se reúnem com Nicki para Only, o terceiro single do álbum, que parece uma escolha ousada, já que é uma faixa que não deve agradar muitos fãs dos trabalhos anteriores da rapper, mas é claramente uma estratégia para firmar Nicki na comunidade do rap, que é predominada por homens.

Nicki pela primeira vez mostra sua habilidade no trava-línguas nesse trap produzido por Yung "Hitmaka" Berg e Metro Boomin. Apesar de quase impossível entender o que ela fala pela velocidade com que as palavras são proferidas, ela mostra que, apesar da seriedade ser o ponto central do álbum, ainda há espaço para letras que não se levam tão a sério. 

Four Door Aventador é uma das faixas mais cruas do álbum, mas não traz novidades, sendo a mais esquecível melodicamente.

Nicki deixa a insegurança de I Lied de lado e assume querer um novo amor em sua vida. “Eu só quero ser a sua favorita”. Em um r&b sensual, ela conta com a ajuda de Jeremih, que só acrescenta seus vocais em uma frase que se repete constantemente durante a faixa.

“Alguém quer comprar um coração?”, Meek Mill oferece o seu amor e confiança nesse doce dueto com Nicki. O problema está na falta de diversificação que, pode ser considerada coesão, mas se torna cansativo quando chega a 10ª música de The Pinkprint.

Nicki fala de Girl Power nessa faixa dancehall, que funciona como alento para tanta mesmice melodicamente. Trini Dem Girls traz um som diferente, sem perder o lado mais dark predominante no disco.

Nicki pode até negar, mas Anaconda, a faixa mais memorável, é sim sobre as genitálias masculinas. Com sample de Baby Got Back, do Sir-Mix-A-Lot, que trata o bumbum avantajado de mulheres como objeto, a rapper fez sua versão – mais explícita – provando que tamanho importa – e muito. 

Depois de Anaconda, o som começa a animar. The Night Is Still Young, produzida por Dr. Luke, está preparada para os charts e baladas de todo o mundo. Com toques de dubstep, Nicki escorrega em sua "coesão" e mostra seu lado manufaturado, encontrado em seu álbum anterior, e assume que precisa de hits para se manter nos holofotes.

Pills and Potions, o primeiro single, teve a missão de apresentar o som almejado por Nicki e cumpriu o objetivo com maestria. Também produzida por Dr. Luke, a faixa fala de corações partidos. "Eu estou brava, mas ainda te amo".

Skylar Grey não é uma cantora de muito apelo, mas parece ser a queridinha dos rappers, que sempre abocanham uma parceria com a moça. Em Bed Of Lies, a voz suave de Skylar constrata com a batida característica do produtor Alex da Kid como uma forma de lamento sobre um relacionamento baseado em mentiras.

Grand Piano fecha a versão standard de forma amarga e com Nicki abordando assuntos como negligência em um relacionamento. Ela deixa o rap de lado para evidenciar a sua voz como cantora, mostrando sua segurança quanto aos seus vocais. Produzida por Will.i.am, Grand Piano termina com um sample de Rush, Rush, de Paula Abdul, dando um ar mais sofisticado à produção.


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