
Thais Gattolin realizou um sonho no começo deste ano: entrar para a faculdade de Medicina Veterinária. Na classe, ela se surpreendeu ao ver que alguns colegas eram da sua geração e a reconheciam por seu trabalho como dançarina do grupo Axé Blond nos anos 90.
“Desde a época do Axé Blond sou envolvida com a causa animal. Fui voluntária por muitos anos e criei minha equipe de organização de feiras de adoção. Por conta desses anos todos ajudando em resgate também, quis ir estudar, para saber cuidar dos animais. Pensei que fosse ser a mais velhinha da classe, mas tem tanta gente da minha idade e que curtia aquela época do Axé Blond. Ainda recebo muito carinho”, conta ela, que está no segundo semestre da faculdade, pela qual conquistou uma bolsa após alguns anos de estudos e provas.
“O meu sonho por anos foi conseguir me matricular na faculdade. É um curso muito caro. Fiquei quatro anos fazendo provas para conseguir uma bolsa que me ajudasse a bancar os cinco anos de estudo. Esse ano foi o da realização deste sonho. Agora meu desejo é me formar.”

Aos 40 anos e trabalhando há cinco anos em uma clínica veterinária, Thais confessa que sente saudades do meio artístico, principalmente do período em que trabalhava como atriz. Atualmente ela vive um pouco deste universo por meio do filho Rodrigo, de 17 anos, que é cantor.
“Meu filho estava com tudo pronto para começar a fazer shows, mas veio a pandemia e parou tudo. Tanto ele, quanto a minha filha Vitória, herdaram esse talento do pai para música”, diz ela se referindo ao ex-marido, o cantor Rodriguinho, líder do grupo Travessos, com quem também tem Vitória, de 13 anos.

A relação entre os dois, por sinal, é de muita amizade. Thais conta que sai com frequência com o ex para almoçar. “Eu e o Rodrigo somos muito amigos. Os nossos filhos moram comigo, mas não tem essa de dia para ver as crianças. É quando ele quer e a hora que quer. Esses dias comentei que estava indo almoçar com o Rodrigo para uma amiga e levei um choque quando ela me disse: ‘Como assim? Ex-casal é ex-casal!’. Acho tão melhor ser amiga do ex. Claro que logo depois da gente se separar, teve aquele tempo de amadurecimento e de cicatrização, mas depois voltamos a ser amigos. O Rodrigo é um dos meus melhores amigos”, garante ela, que foi casada com o cantor de 2003 a 2009.
Atualmente solteira, ela não tido tempo para pensar em um novo amor. Sua vida tem sido estudo e trabalho. “Mergulhei muito nos estudos, trabalho e filhos. Deixei um pouco de lado o emocional. Mas estou feliz, apesar das pessoas cobrarem tanto. Quando a gente descobre que é feliz com a nossa vida e rotina, a gente não sente mais necessidade tão grande de ter alguém”, conta ela, que atualmente além dos filhos, dá o seu amor para os três gatinhos, Miah, Mil e Anne.

Quando começou esse interesse pelo universo animal?
Sempre existiu. Se aparecia na minha frente um animal perdido, fazia algo para mudar aquilo. Mas era um engajamento muito pequeno perto do que virou. Comecei a me envolver mesmo há dez anos, me envolvendo com ações de resgate e feiras de adoção. Há cinco anos decidi criar a minha própria Equipe Pet. Ajudamos ONGs parceiras a encontrar um novo lar para os animais resgatados por meio de organização de feiras de adoção.
Sente falta do Axé Blond?
Até hoje as pessoas me acompanham, pedem reencontro... Mantenho a amizade com as integrantes até hoje. Guardo o coração essa época, mas quando decidi sair do Axé Blond foi porque não queria mais dançar, queria traçar outros caminhos. Fiz Rádio e TV, depois tirei meu DRT para ser atriz. Morro de saudade de atuar, do teatro. Mas teatro para dar retorno financeiro é muito difícil. Acabei mudando de área porque fui achando estabilidade maior na outra área. Hoje tenho vida estável, salário, registro... A gente sabe o que vai receber no fim do mês.
Você conseguiu fazer um pé de meia legal com o Axé Blond e Playboy?
A gente ganhava bem para viver bem, mas não bem para ter a vida garantida. Ganhava cerca de 400 ou 500 reais por shows. Às vezes, a gente fazia de dois a três shows por noite. Fiz Playboy também. Não foi um cachê muito grande, mas ajudou muito a divulgar meu nome, a fazer mais programas de TV...

Não se arrepende de ter feito o ensaio?
Fiz com a Daniela e Gizelle (dançarinas). A gente ria o tempo inteiro. Sabe quando não cai a ficha do que você está fazendo ali? A gente não tinha esse lance de seduzir os homens.
Sofreu assédio?
Nunca sofri nenhum tipo de assédio. Não sei se foi sorte ou se os tempos eram outros. Mas sempre tive uma estrutura também muito boa. Nosso empresário e segurança eram maravilhosos. A gente nunca passou por nenhuma situação ruim.
E preconceito ao mudar de carreira?
Não foi fácil conseguir emprego nessa área porque não tinha currículo, demorei um pouco. Antes trabalhei dando aula de zumba gospel e fazendo uns comerciais. Depois, comecei a participar mais de feiras de adoção e as pessoas foram conhecendo o meu trabalho. Mas preconceito eu sofri ainda quando estava trabalhando como atriz. Fui fazer um teste para uma novela e passei na primeira fase. Fui falar com a diretora de elenco e quando ela viu no meu currículo Axé Blond, me falou: ‘Você vai me desculpar, mas por ter feito parte do Axé Blond, não vou te dar o trabalho’. Eu tinha feito várias peças, tinha DRT, tinha estudado no estúdio do Emilio Fontana, mestre do teatro... Ela não deu a mínima para isso. Aquilo me deixou muito triste. Mas acho que tudo tem um propósito no final. Hoje estou realizando mais um sonho e feliz.
