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Rogério Flausino sobre Rock in Rio: "A expectativa não muda"

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O Jota Quest diante do grafite do grupo na casa em que ensaiam em Belo Horizonte: Há quase 20 anos de estrada (Foto: Fábio Cordeiro/ Revista QUEM)

Em uma tranquila rua do bairro do Belvedere, em Belo Horizonte, uma bela casa protegida por um alto muro branco não dá sinais da rotina de seus ocupantes. No entanto, basta cruzar o portão e dar de cara com um grande grafite – o desenho dos integrantes do Jota Quest – para começar a entender o que acontece por ali. O lugar é o quartel-general da banda mineira. No local, eles concentram toda a sua produção, além do estúdio próprio, o Minério de Ferro.

É lá que eles, a poucas semanas de sua segunda apresentação no Rock in Rio, criam o que o público vai ouvir no dia 15 de setembro. Em seis ensaios, serão definidos o repertório e as surpresas do show, guardadas a sete chaves. “A expectativa não muda. Não só pelo tamanho do evento, mas também pelo que ele pode mudar na nossa carreira. Participar do Rock in Rio te leva para um lugar diferente. Não saímos iguais de lá”, explica Rogério Flausino, 41 anos, vocalista do grupo.

A emoção da primeira apresentação no festival, em 2011, ainda está viva na memória dos músicos da banda, formada ainda pelo guitarrista Marco Túlio Lara, 42, o baixista Paulo Roberto Diniz Júnior, o PJ, 44, o baterista Paulinho Fonseca, 47, e o tecladista Márcio Buzelin, 43. Em 1985, na primeira edição do Rock in Rio, eles assistiam pela televisão às apresentações dos artistas e já sonhavam em se apresentar naquele palco. Ao chegar, dois anos atrás, à Cidade do Rock, Flausino se sentiu como se estivesse voando. “A energia que vinha das pessoas me fez flutuar. Tinha milhares de pessoas cantando, de mãos para cima. Foi como pular de paraquedas”, define o cantor.

Rogério Flausino (Foto: Fábio Cordeiro/ Revista QUEM)

Ele tem ainda outro motivo para ficar ansioso: também estará ao lado de Ney Matogrosso, Maria Gadú, Bebel Gilberto e Paulo Miklos, no dia 13, como parte do show de abertura, Cazuza – O Poeta Está Vivo, homenagem ao ex-vocalista do Barão Vermelho, morto em 1990 em decorrência de complicações causadas pela Aids. A parte de Flausino serão duas músicas, que ele não pode adiantar quais são. “Quando eu era adolescente, comecei uma banda com uns primos em Varginha (MG) só com as composições do Cazuza e do Barão. É uma grande honra homenageá-lo”, diz.

Paulinho em seu depósito no estúdio onde guarda dez baterias completas  (Foto: Fábio Cordeiro/ Revista QUEM)

Família reunida
Mesmo quando estiver fora do palco, a banda continuará no festival. Eles reservaram o primeiro fim de semana para assistir aos shows. Flausino, inclusive, alugou um apartamento próximo da Cidade do Rock para acomodar a família. Ele levará a mulher, Ludmila Carvalho, a filha, Nina, de 6 anos, e os pais, Wilson e Dasha. “Vai a macacada toda reunida. A Nina, quando assiste ao show, pira de alegria e eu piro junto”, conta.

Os outros músicos também vão se dividir entre tocar, curtir e cuidar dos filhos. “Na edição passada, meu mais velho, Lucca, de 14 anos, assistiu ao show e depois saímos correndo para o ônibus. No dia seguinte, ele fez a primeira comunhão às 7h30 da manhã”, lembra Paulinho, que ainda é pai de Arthur, 7, do casamento com Graziella Fonseca. Já Márcio, o único solteiro – porém, comprometido – é pai de Gabriela, 12. Marco Túlio tem João Marcos, 9, e Théo, 2, com Ângela Dariva, e PJ é pai de Clara, 14, Gabriel, 6, e Pedro, 2, com Manuela Diniz.

O tecladista Marcio testa o equipamento momentos depois de montá-lo  (Foto: Fábio Cordeiro/ Revista QUEM)

Com praticamente 2 mil shows em quase 20 anos de carreira, o tecladista do grupo disse ter se sentido numa espécie de estreia em 2011. “A gente estava fora de controle, é um simbolismo tocar no Rock in Rio”, explica Márcio. Por causa do nervosismo, a banda confundiu o repertório, o que acabou se tornando um dos momentos inesquecíveis para eles. “Estávamos nervosos e não era para tocar a música Só Hoje naquele momento, ia ser outra. Mas o público começou a cantar sozinho e embarcamos. Foi emocionante”, lembra Paulinho.

Marco Túlio com suas guitarras antes de começar a tocar (Foto: Fábio Cordeiro/ Revista QUEM)

Número 1
Mesmo já tendo feito sua estreia no festival em 2006, em Lisboa, eles consideram como marca de carreira a apresentação no Rio. “Este é o festival número 1 no mundo para a gente. Não tivemos uma oportunidade, e nem sei se vamos ter, de tocar em um palco com tanta representatividade”, diz o baterista. Nesta edição, a banda dividirá o Palco Mundo, o principal do festival, com a cantora inglesa Jessie J, a americana Alicia Keys e Justin Timberlake.

O baixista PJ pronto para gravar no estúdio Minério de Ferro (Foto: Fábio Cordeiro/ Revista QUEM)

Mais Black
Ao mesmo tempo em que prepara o show para o Rock in Rio, o Jota Quest faz os acertos finais do novo CD, ainda sem título divulgado, previsto para ser lançado em outubro, o primeiro só de músicas inéditas em cinco anos. E o baterista Paulinho avisa: “A gente nunca esteve tão black antes”.

A produção do disco é do guitarrista americano Nile Rodgers – da banda Chic, uma referência em disco music – e é um reencontro do grupo com o soul e o funk, estilos que marcaram sua origem. “Continuamos conquistando novos públicos pelo mesmo motivo. O cara ouve e se identifica. Gostamos dos clássicos dos gêneros, e isso é ser pop”, diz Flausino.

Animados e bons amigos, eles gostam de se divertir. “Vivemos juntos, não nos desgrudamos. Depois da casa do Jota, passei a ser um homem de duas casas. Só que minha segunda família são mais quatro machos. Quando nos juntamos é uma festa”, diz Marco Túlio. Um bom exemplo da animação da banda é o camarim do Jota Quest, que tem fama de ser um dos melhores do meio artístico brasileiro. “A gente sempre foi boêmio e camarim é uma coisa chata. Com o passar do tempo acabou virando um evento”, explica Marco Túlio. E o sentimento de família que os une há tanto tempo é facilmente explicado pelo baterista. “Somos unidos pela dívida. Enquanto estamos devendo, amamos uns aos outros. Temos que tocar para poder pagar. É bem simples”, diverte-se Paulinho.
 


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