Para Ricardo Pereira, 2013 tem sido um ano de grandes presentes. O ator, de 33 anos, anunciou na Internet há poucos dias que, em breve, seu filho, Vicente, de 1 ano e 6 meses, poderá brincar com um irmãozinho já que a mulher, Francisca Pinto, está grávida de três meses da segunda gestação. “É engraçado como a criança já fica apontando para uma barriga”, conta ele, que está casado há três anos e ansioso com a chegada do bebê.
Os novos ventos não atingiram apenas o âmbito pessoal. De férias das novelas desde Aquele Beijo, Ricardo tem experimentado sua estreia como apresentador no quadro Dança da Galera do Domingão do Faustão e acaba de rodar um longa-metragem que reúne atores de diferentes nacionalidades. “Fiz o Mattia, um jogador viciado em bebida, em drogas, um cara da noite”, explicou ele sobre a película que deve estrear no final deste ano ou no início de 2014. Veja como foi o bate-papo a seguir:
Novo trabalho no cinema
QUEM: Como tem sido as gravações de seu novo filme?
Ricardo Pereira: Cadences Obstinées, que ainda não tem definido o título em português, foi rodado entre janeiro e fevereiro em Portugal e França com elenco maravilhoso. Tínhamos apenas dois portugueses, eu e o Nuno Lopes, protagonizando a história com Asia Argento, italiana. Contamos também com Gérard Depardieu, Franco Nero, Johan Leysen e outros atores. Foi uma historia interessante.
QUEM: O que o longa-metragem aborda?
RP: Fala sobre vida, ligações humanas, traições e desilusões amorosas e profissionais, tudo isso imbuído em um espírito de construção e reconstrução de um hotel. O local é o cenário da historia toda, onde essas pessoas se cruzam, se conhecem, se apaixonam, discutem, deixam os sonhos e os pensamentos também lá. A Fanny Ardant, diretora de grande nome do cinema mundial, escolheu uma estética muito precisa para esse filme. Ela é muito de olhar para um quadro quando a gente está filmando e mostrar a história através de elementos, cenários - muito estética. O hotel representa nada mais do que a ligação do ser humano um com o outro, das pessoas umas com as outras ao longo da vida. Como ator, foi um passo muito positivo na minha carreira também porque é um filme internacional, vai correr todo mundo. Também é um filme que sou um dos personagens principais e uma produção com pessoas que eu almejava um dia trabalhar.
QUEM: Como surgiu o convite?
RP: A Fanny Ardant viu um filme que eu fiz com Raoul Ruiz, um diretor chileno que infelizmente já morreu e está muito presente no cinema ainda, chamado Mistérios de Lisboa. Foi um dos filmes mais premiados que, inclusive, ganhou prêmios em São Paulo, três anos atrás, em Toronto, Cannes, Veneza, San Sebastián e outros lugares em que foi exibido e aclamado pela crítica mundial. Ela me viu no filme e me convidou para fazer o personagem. A gente criou uma ligação para a vida.
Preparação
QUEM: Como foi o processo de perder 10 quilos para o personagem?
RP: Eu fiz o Mattia, um jogador viciado em bebida, em drogas, um cara da noite. Alguém como ele tem que ser seco, não dorme direito, não come direito, não vive essa vida de saúde, de dormir oito horas, de se alimentar bem. É um cara que vai fumando enquanto come. Essa foi uma das fases físicas que eu quis adotar para o personagem. Contratei uma nutricionista e um personal trainer e ficaram focados nessa perda de peso até secar.
Além disso, todo um trabalho com uma professora de francês e outra de italiano. Meu personagem falava em português, italiano e francês. Sabia falar francês, mas não sabia falar italiano. Ate morei na Itália, mas não era fluente. Então, foi um trabalho exaustivo.
QUEM: Já recuperou o peso?
RP: Sim. Não posso ter aquela magreza toda até porque gosto de nadar e ele era um cara seco. É aquele cara que não tem músculo ou um tipo de músculo totalmente diferente.
QUEM: Como a Francisca prefere? Mais magro, mais cheinho?
RP: Acho que mulher, quando ama, gosta de você de qualquer jeito. Acho incrível esse carinho de você ter essa relação cúmplice e dela entender esse meu personagem, me ajudar. Quando você faz esse trabalho físico para viver determinados personagens, precisa ter um equilíbrio alimentar em casa - não só quando você está na rua filmando. Você tem que ter essa outra alimentação e ela me ajuda nessa disciplina.
QUEM: Como interpretou um fumante, já que você não fuma?
RP: A gente mandou vir alguns cigarros que tem cenográficos. Hoje em dia tem muito dessa coisa nos Estados Unidos, na Espanha - de onde esses vieram. São feitos de produtos orgânicos, são de alface. Cheira mal, mas faz o que a gente quer que é o propósito de fumar, do fumo no cinema. Você vê o cigarro igual a um cigarro comum.
QUEM: Aprendeu técnicas de jogo? Como foi o processo?
RP: Estive em cassino e queria viver basicamente esse “querer ganhar, não querer perder”. Queria sentir isso e como isso era visível no rosto. Foi isso que eu procurei ver no meio de muitas salas de jogo, no Cassino Estoril, no Cassino de Lisboa, em muitas delas que não são abertas ao público e eles me levaram para conhecer. Quis viver muito intensamente esse personagem.
QUEM: Gosta de jogar?
RP: Gosto de jogo, aprendi as regras, mas não sou um cara de jogo. Gosto de jogar um baralho de vez em quando. Curto todo tipo de jogo, sueca, já ouvi falar também de truco.
QUEM: É bom de blefe?
RP: Sou bom! Claro! [risos] Sou ator ué!? Gosto de jogar. Baralho eu gosto de jogar com os amigos, mas não sou tanto de jogo de cassino.
Projetos na televisão
QUEM: Tem experimentado ser apresentador. Já sabe quando voltará para as novelas?
RP: Depois do filme, regressei ao Brasil e apresentei o quadro Dança da Galera do Domingão do Faustão, que, para mim, foi a minha grande estreia como apresentador no Brasil. Era algo que eu já fazia faz muitos anos em Portugal e eu sempre falei que eu gosto de apresentar. Não podia ter estreado da melhor maneira. É um trabalho muito intenso que o público adora. Então, tem uma coisa que me apaixonou. Os participantes vivem aquilo, aprendiam a dançar, as coreografias. Agora, tem um outro projeto na Globo a partir de junho, mas mais para frente a gente falará sobre isso. Será TV, sou contratado da casa.
QUEM: Você costuma viver galãs e mocinhos. Tem algum personagem que você queira interpretar?
RP: Tem tanta coisa. Acho que quanto mais personagens diferentes você faz, no teatro, cinema, televisão, mais desafios você quer. Acho que tem que explorar mais o lado de vilão, de personagens mais problemáticos, mais bandidos, mais sujos. Não tanto para os personagens mais certinhos. Há uma abertura ainda que tenho que explorar no teatro, no cinema. Na televisão, a gente explora esses personagens de maneira diferente. Mas, como você sabe, os galãs fazem partes da minha vida. Amo interpretá-los e são personagens muito difíceis também. Vou me entregando um pouco na escolha dos diretores, na escolha dos autores e respeitando, tentando crescer trabalho a trabalho. Se eu puder escolher, também farei personagens que me dão abertura de mostrar versatilidade na minha vida enquanto ator.
Cada vez mais brasileiro
QUEM: É evidente que você tem perdido sotaque nas novelas. Quando volta para Lisboa, nota que perdeu um pouco o jeitinho de falar de lá?
RP: Não perdi não. Volto a falar o português de lá tranquilo. A gente fica com algumas palavras do português do Brasil. Isso não tem jeito. Ainda falo o português direitinho de lá porque minha mulher é portuguesa. Todo dia aqui em casa, no Rio de Janeiro, eu falo português de Portugal com ela. No dia a dia aqui, na rua, novela, tenho aula e falo o português do Brasil. Quando vou para Portugal sempre saem algumas expressões do português daqui do Brasil.
QUEM: O que eles comentam quanto essas mudanças?
RP: As pessoas brincam: você está ficando brasileiro. As pessoas adoram. Porque eles acompanham muito o que acontece aqui no Brasil. A ligação entre os países nos últimos anos têm ficado muito forte. Portugal e Brasil se redescobriram. Isso é muito bom porque acabo continuando como embaixador dos dois países e, obviamente, é uma coisa que me deixa super honrado.
QUEM: Quando você chega a Lisboa, você mata a saudade de quê?
RP: Hoje em dia estou muito integrado na vida do Brasil, no dia a dia e nas coisas daqui. A grande saudade que tenho é das pessoas e família que a gente acaba vendo com menos intensidade. Depois, lugares que reportam a sua infância e a comida. Hoje em dia, como eu te falei, encontro tanta coisa de Portugal aqui e tanta coisa do Brasil lá que me sinto muito bem nos dois países. Já passei muito tempo aqui, vai fazer 10 anos no ano que vem.
QUEM: Nesses 10 anos você vem conhecendo o Brasil de maneira mais aprofundada. O que você mais gosta daqui?
RP: Essa capacidade de superação. Isso é uma característica que o povo brasileiro me ensinou: nada nunca está perdido. Sempre existe uma forma de a gente ultrapassar um problema, uma questão. A gente pode ir mais para frente e tentar um sim. E um sim pela sua insistência, pela sua capacidade de sorrir às vezes de alguma coisa que não seja tão boa. Isso é um mega ensinamento de vida. Aprendi isso com a população brasileira. O povo português também é acolhedor. Acho que os dois países se complementam muito e tinha vontade que eles fossem próximos um do outro, no sentido de uma hora, duas horas de distância. Acho que todos os portugueses quando vem para o Brasil descobrem um pouquinho mais deles.
QUEM: Entre as delícias brasileiras, é notável que você gosta de praia. Descobriu um paixão?
RP: Amo a praia e moro perto dela. Minha mulher ama praia e o Vicente é engraçado porque, quando a gente o vê ele na água, percebe que ele também ama.
Vida em família
QUEM: O que você tem aprendido e ensinado para o Vicente desde pequenininho?
RP: Acho que deixar ele voar. Claro que como pai e mãe você tem regras que é disciplinar o seu filho, passar alguns ensinamentos. Não de forma tão rígida, é claro, porque ele é muito novo. Deixar ele tocar, voar, sentir. É isso que a gente quer ensinar e ele aprende muito. Todos os dias ele está com um sorriso no rosto e acho que isso é o melhor presente.
QUEM: Quer que ele seja ator?
RP: Quero que ele seja o que ele quiser. Ele ainda tem um 1 e 6 meses e não para quieto. Toca em tudo, joga tudo no chão. Mas acho que é o seguinte. Se você tem um filho, tem que deixar ele viver. Ele tem que sentir. Tem que perceber que a vida dele está aí e a gente deixa ele viver. A minha mulher está grávida, já está com um irmão na barriga. Estou muito feliz com essa linda novidade.
QUEM: Torcida por menino ou menina?
RP: Tanto faz, que venha com saúde.
QUEM: Acredita que o Vicente terá uma proximidade com o irmão?
RP: É engraçado como a criança já fica apontando para uma barriga. Ele entendeu que alguma coisa está acontecendo. E tenho certeza que ele vai ser super próximo.