
Tímido e ex-gago, o baiano de 34 anos brilha como o ator de rádio Péricles em Nada Será Como Antes. Muito requisitado, Fabrício Boliveira viaja tanto para cumprir seus compromissos no cinema, que nem tem mais uma casa definida para morar
1. Era muito tímido
“Um dia, a professora perguntou quem queria ser o noivo da quadrilha na festa junina. Foram os segundos mais tensos da minha vida... Minha mão pingava e falei: ‘Eu quero’. A turma toda me olhou. Tinha 10 anos e foi a primeira vez que me manifestei artisticamente.”

2. Seu nome de batismo é Genisson Fabrício
“Meu pai tinha um amigão chamado Genisson. Minha mãe havia pensado em Fabrício. Aí juntaram as duas coisas e virou essa duplinha.”

3. Eddie Murphy e Michael Jackson eram suas referências
“Quando pequeno, não via muitos artistas negros e pensava: ‘Será que posso trabalhar com isso?’ É evidente que tem uma questão racial, mas é mais simples que isso: me sentia representado por estes dois.”
4. Foi gago
“Minha mente funcionava de um jeito muito rápido e tinha uma desconexão. Frequentei fonoaudióloga por muito tempo. Aos 15 anos, quis fazer teatro e percebi que havia uma chavinha na minha cabeça: conseguia falar em cena sem gagueira. Nessa época, passei a fazer pilates e ioga. Aos poucos, fui me investigando e entendi que a questão estava na respiração.”

5. Dormia antes de gravar
“Minha estreia na TV foi em Sinhá Moça (2006). E acontecia uma coisa engraçada: eu dormia antes de gravar. Chegava, falava com os colegas e tirava uma soneca no sofá. Alguém me acordava e aí eu começava a trabalhar. Não sei o que acontecia comigo, talvez fosse resposta à demanda do personagem, que era complexo.”
6. Já sofreu racismo
“Eu e o (ator) Alexandre Rodrigues caminhávamos e, quando olhei para trás, vi Paloma Riani (preparadora de elenco) chorando. Ela falou: ‘Agora eu vi o que é racismo. Vocês nem perceberam, mas vi a cara das pessoas quando vocês andavam’. Essa situação foi forte para mim. Senti que há pessoas atentas aos cânceres na sociedade.”
7. Interpretou João de Santo Cristo
“É o protagonista do filme Faroeste Caboclo, baseado na música do Legião Urbana. Eu já tinha uma história com essa música. Aos 15 anos namorei uma mulher de 20 que adorava cantar essa canção. Quando soube que estavam fazendo um filme, fiz de tudo para participar. Sabe quando aquele personagem fica te perseguindo? Queria interpretá-lo. Eu adoro ouvir a música até hoje, fico feliz quando toca no rádio.”
8. Não tem mais casa definida
“Estou vivendo em uma mala (risos). Emendei trabalhos e, após nove anos, deixei minha casa em Santa Teresa, no Rio. Rodei dois filmes em Minas, um no Uruguai, fui para Nova York. Minhas correspondências vão para Salvador e para uma amiga do Rio. Estou pulverizado. Meu carro está num estacionamento. E vou filmar em Salvador até o fim do ano. É o que sei da minha vida até agora.”
Fotos: Fabio Cordeiro/Ed. Globo, Pascal Le Segretain/Getty Images, Arquivo Pessoal